Redação do Gabriel Rafagnim Pereira

O Patriarca da Independência

José Bonifácio de Andrada e Silva foi uma figura fundamental para a história do Brasil e também para a história do mundo, por suas contribuições não somente na área política como também na área científica.

Depois de quase trinta anos de serviços prestados à coroa portuguesa, José Bonifácio retornou ao Brasil em 1819, com 56 anos, planejando ter aposentadoria tranquila. Mas já no ano seguinte escreveu instruções aos deputados eleitos por São Paulo que iriam participar da Assembleia Constituinte Portuguesa. Nesse período, ele ainda possuía a ilusão de que era possível manter a união com Portugal, mas logo viu que esse projeto era inviável.

Por sua moderação, ainda em 1820 foi escolhido vice-presidente da junta governativa de São Paulo, onde fez um notável trabalho de pacificação da província. Por esse trabalho brilhante, quando todos os ministros portugueses de Dom Pedro se demitiram por não concordar com a decisão do príncipe de permanecer no Brasil, Dom Pedro, aconselhado por sua esposa Leopoldina, decidiu chamar Bonifácio para ocupar a pasta do Império e dos Estrangeiros. Ao aceitar, Bonifácio tornou-se o primeiro brasileiro nato a ocupar um cargo de ministro.

Aos 59 anos, Bonifácio chegava ao poder com um projeto claro de pais. O primeiro ponto fundamental desse projeto era manter a unidade do território. Para isso, José Bonifácio, que tinha presenciado o processo revolucionário que aconteceu na França e na América espanhola, chegou à conclusão de que o regime republicano seria incapaz de manter a estabilidade do Brasil naquele momento, optando pela monarquia constitucional.

Durante uma viagem de Dom Pedro a São Paulo, chegaram novas exigências de Portugal. Bonifácio encaminhou-as ao Príncipe acompanhadas de uma carta em que dizia que se Dom Pedro voltasse a Portugal, seria responsável pelo banho de sangue que ocorreria no Brasil. Aconselhado por José Bonifácio e por Leopoldina, Dom Pedro deu o histórico grito em 7 de setembro de 1822.

A partir daí, começou a tarefa de formação de um novo país. Mas o projeto de país defendido por Bonifácio era muito avançado para a época e contou com uma feroz oposição que culminou no seu afastamento do governo. Com o fechamento da Assembleia Constituinte, exilou-se em Paris, de onde retomou para assumir a tutoria de Dom Pedro II, mas logo abandonou a tutoria e foi viver em sua chácara em Paquetá, onde morreu em 1838.

Lendo os papéis de José Bonifácio, é possível encontrar ideias como a abolição da escravidão, a integração dos índios à sociedade brasileira e a preservação das florestas. Também é possível constatar que ele deslumbrava um fantástico futuro para o Brasil, chegando a afirmar que o brasileiro seria o novo ateniense se não caísse na tirania de estado. Por todos esses fatos, chega-se à conclusão de que ele foi o primeiro político com visão ampla e profunda de Brasil. Por isso é fundamental o resgate de sua figura histórica.

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