Os Caras Pintadas

Ilustração. Ao fundo, vê-se o palácio do Congresso Nacional com suas duas torres e as cúpulas virada para cima e para baixo. No centro. Zé Plenarinho, Xereta e Légis estão com os braços levantados, como se estivessem comemorando algo, todos com a cara pintada nas cores do Brasil.

Um momento importante na história da participação popular foi o movimento dos Caras Pintadas que marcou o ano de 1992. Movidos pela ética e pelo patriotismo, estudantes de todo o Brasil pintaram o rosto de verde-amarelo, vestiram-se de preto e tomaram as ruas para exigir o impeachment (retirada do governo) do presidente Fernando Collor de Mello.

Façamos uma breve retrospectiva. Em 1989, aconteceu a primeira eleição presidencial direta após o regime militar. O eleito foi o “Caçador de Marajás” (apelido que Collor recebeu da imprensa por ter adotado medidas contra os interesses de funcionários alagoanos de altos salários quando ele era governador de Alagoas). Após uma votação cheia de expectativa por parte dos eleitores, Collor tomou posse como presidente da República em 1990. O povo esperava que seu governo promovesse as mudanças de que o País precisava e a sociedade aguardava.

Mas o primeiro presidente democraticamente eleito no Brasil desde 1960 não conseguiu domar a inflação, como havia prometido na campanha. Pelo contrário, seu governo foi marcado pela alta nos preços, aumento no desemprego e outros problemas econômicos e sociais. Em 1992, Collor foi acusado de corrupção por seu irmão Pedro, o que gerou investigações lideradas pela imprensa e, posteriormente, pelo Congresso Nacional. Descobriu-se o chamado “esquema PC”, um esquema articulado pelo tesoureiro da campanha de Collor, Paulo César Farias (PC), que beneficiava alguns e o próprio presidente. Durante os trabalhos de investigação parlamentar, a população começou a sair nas ruas e gritar “Fora Collor” e “Impeachment Já”.

Pressionados pela participação popular, os deputados votaram, então, pela abertura do impeachment do presidente Collor. Enquanto o processo de impeachment corria no Senado Federal, Collor renunciou ao cargo, em 29 de dezembro de 1992. O ex-presidente teve, então, seus direitos políticos cassados por oito anos, até 2000. Quem assumiu a Presidência da República foi Itamar Franco, o vice de Collor.

Segundo opiniões de políticos e estudiosos, sem o movimento dos Caras Pintadas, o afastamento de Collor provavelmente não teria acontecido. Os jovens fizeram a diferença nesse processo! Reconheceram a importância de acompanhar a política, reclamaram, manifestaram-se contra o governo e promoveram, a seu modo, grandes mudanças no País.

Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura "plenarinho.leg.br - Câmara dos Deputados" e não seja para fins político-partidários

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