Histórico dos partidos políticos brasileiros

Ilustração. A imagem é dividida em duas. Do lado esquerdo, fundo em tons de azul. Perdo de onde a imagem de divide, um homem com os dois braços levantados segura uma placa onde se lê "partido A" em azul. A metade direita tem fundo em tons de amarelo e vermelho. Perto da divisão, outro homem segura uma placa onde se lê "partido b" em laranja. Os dois homens vestem roupas antigas.

Oficialmente, os partidos políticos já existem no Brasil há mais de 160 anos. Nenhum deles, porém, durou muito tempo.

Aqui no nosso País não existem partidos com mais de cem anos, como é comum em outros países.
Sempre que acontecia alguma grande mudança na política brasileira, os partidos eram forçados a começar uma nova história do zero. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o início da República, em 1889, que acabou com os partidos da época monarquista. Saiba mais sobre a história dos partidos políticos no Brasil.

Partidos do Brasil Colônia

A história do Brasil é dividida em três fases. A primeira delas, o período colonial, fala sobre os primeiros tempos da colonização portuguesa em nosso país. De 1500 a 1530, Portugal estava mais interessado em suas colônias nas Índias, e pouco ou nenhum interesse demonstrou por nossas terras. Mas depois que os portugueses perderam o controle do comércio das especiarias para os ingleses, eles começaram a olhar o Brasil com outros olhos. Daí os portugueses implantaram por aqui o monopólio comercial, que quer dizer: a colônia (Brasil) só podia comprar e vender produtos para a metrópole (Portugal).

Em 1822, pouco antes da independência do Brasil, em 1822, havia três partidos políticos no Brasil. São eles:

  • O partido português – formado por comerciantes que queriam manter Portugal no controle do comércio, por pessoas que trabalhavam para o Império (como são hoje os funcionários públicos) e militares que não queriam a independência do Brasil. Eles torciam pela recolonização.
  • O partido brasileiro – formado pelos grandes proprietários rurais (os ricos), alguns comerciantes portugueses, brasileiros e estrangeiros, que achavam que o comércio livre era a melhor opção. Eles não queriam a independência e nem a recolonização. Defendiam a criação de uma monarquia dual. Monarquia dual? Uma monarquia que dividisse os poderes entre o Brasil e Portugal e garantisse a liberdade de comércio.
  • Partido Liberal Radical – composto por pessoas da classe média da época. Eles defendiam a implantação de uma república democrática, sistema que o Brasil vive hoje.
    Agora que você já sabe sobre os partidos do Brasil Colônia, vamos aos partidos da fase do Brasil império.

Partidos do Império

Na época do Brasil Império (período entre 1822 e 1889, quando o nosso país deixa de ser colônia portuguesa, mas ainda não é uma república), o regime adotado aqui era a monarquia.
Após o “grito de independência”, o primeiro governante do Brasil foi Dom Pedro I. Ele ficou no poder até o ano de 1831, período chamado de Primeiro Império. Logo depois, ele foi forçado a deixar o cargo em favor de seu filho, Dom Pedro II, que tinha apenas 5 anos. E até Dom Pedro II completar 15 anos – idade em que poderia começar a governar – o Brasil foi administrado por regentes, que eram representantes do Poder Executivo.

Vamos saber agora sobre os partidos das três etapas: primeiro império; regência e segundo império.

No primeiro império, havia três grandes partidos políticos: Restauradores ou Caramurus – que queriam a volta de D. Pedro I ao Brasil e um regime monárquico. Não deu certo e, quando D. Pedro I morreu, em 1834, o partido desapareceu. O segundo, formado por pessoas radicais, tinha o nome de Liberal Exaltado ou Jurujubas. O pessoal desse partido era a favor do fim da monarquia. Eles queriam que o Brasil se transformasse em uma República. Um último grupo, chamado Liberal Moderado ou Chimangos, defendiam a permanência da monarquia e a escravidão, mas não queriam a volta de Dom Pedro I e os “exageros” do partido dos exaltados.

Mas os principais partidos do império – Conservadores (também chamados de saquaremas) e Liberais (também chamados de luzias) – só surgiram no Segundo Reinado. Época governada por Dom Pedro II.

A diferença entre esses dois partidos era a visão que cada um deles tinha sobre a monarquia. Os conservadores queriam sempre um regime forte, com a autoridade do imperador e pouca liberdade para as províncias (as províncias eram como são hoje os Estados brasileiros). Já os liberais queriam que as províncias tivessem mais poder.

Partidos na República

República Velha (1889-1930)

O império acabou quando a República foi proclamada em 15 de novembro de 1889. Foi aí que o Brasil deixou de ser governado por uma monarquia e passou a ser comandado por presidentes, como é até hoje.

O período que vai de 1889 a 1930 é conhecido como a República Velha. Neste período, quem dominava a política eram os grandes donos de terras de Minas Gerais e de São Paulo. Época em que o Brasil cresceu muito e tornou-se exportador de café.

Com isso, os donos de terras acabaram criando seus partidos políticos: Partido Republicano Paulista (PRP) e Partido Republicano Mineiro (PRM). Poderosos por causa do dinheiro que tinham, acabaram elegendo vários presidentes, que implementavam políticas para beneficiar os dois estados. Os estados se revezavam na indicação do presidente: uma vez paulista e outra vez um mineiro.

Essa prática ficou conhecida como política do café-com-leite (porque São Paulo era o maior produtor de café do País, e Minas era grande produtor de leite).

Em 1922, surgiu o Partido Comunista  do Brasil (PCB), que décadas mais tarde mudou seu nome para Partido Comunista Brasileiro. Pregava os ideais marxistas e atuou na clandestinidade durante muito tempo.

Tempo de Getúlio Vargas (1930-1945)

Em 1930, ano de eleição para a presidência do Brasil, de acordo com a política do café-com-leite, era a vez de um mineiro do PRM assumir o cargo. Mas o Partido Republicano Paulista não cumpriu o trato e indicou um político paulista. O nome dele? Júlio Prestes. Essa quebra do trato acabou com a política do café-com-leite. O PRM, desiludido, junta-se com políticos da Paraíba e do Rio Grande do Sul para lançar o gaúcho Getúlio Vargas à Presidência da República. Mas o nome de Getúlio não foi aceito. Júlio Prestes acabou ganhando as eleições, mas não ocupou o cargo. Por quê? Porque Getúlio Vargas liderou uma revoluçãoRevolução de 1930 – para tomar o poder. Assim, ocorreu o fim da República Velha e início da Era Vargas.

Para quem não sabe ou não se lembra, Getúlio foi presidente do Brasil por um tempão. Primeiro como chefe do governo provisório depois da Revolução de 30, depois como presidente eleito em 1934. E não parou por aí. Em 1937, ele implantou a ditadura do Estado Novo, até que foi deposto (tirado do cargo) em 1945. Pensa que acabou? Nada disso, Getúlio voltou à presidência em 1951, por meio do voto popular. Ficou mais três anos no poder. Ele suicidou-se em 24 de agosto de 1954 com um tiro no coração.

Os partidos políticos mais conhecidos da época de Getúlio Vargas são: Ação Integralista Brasileira (AIB), criado em 1932, e Aliança Nacional Libertadora (ANL), de 1935.

A AIB defendia um governo em que só o presidente poderia tomar decisões. Assim, acreditavam que o Brasil caminharia para o progresso. Essa ideia era inspirada no fascismo.

Já o pessoal da ANL, liderado por Luís Carlos Prestes, defendia um programa de mudanças para melhorar a vida dos brasileiros. Eles queriam mais emprego, melhores salários e apoio para as empresas brasileiras.

República democratizada (1945-1964)

Depois da “ditadura” de Getúlio Vargas, o chamado Estado Novo, em 1945 o Brasil volta a ter eleições para presidente. Com a volta da democracia, três candidatos – Eurico Gaspar Dutra, Eduardo Gomes e Ricardo Fiúza – concorreram ao cargo de presidente do Brasil. Nessa época, o que se viu foi uma disputa entre os partidos que defendiam Getúlio Vargas – Partido Social-Democrático (PSD) e Partido Trabalhista Brasileiro (PTB); e o que era contra – União Democrática Nacional (UDN).
O PSD era formado por lideranças rurais e por altos funcionários das empresas do governo, enquanto que o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) unia os líderes dos sindicatos e os operários que trabalhavam nas fábricas.
A União Democrática Nacional (UDN), partido de oposição ou partido rival, era formado pelas pessoas mais ricas das cidades. Pessoas que defendiam a entrada de dinheiro de empresas internacionais no Brasil e o desenvolvimento das empresas brasileiras que não pertenciam ao governo. Essas empresas são chamadas de empresas privadas.

Governo militar (1964-1985)

Depois de quatro presidentes eleitos pelo povo e um montão de substituições (1945 a 1964), uma nova ditadura se instalou no Brasil: a do regime militar. Tudo começou com um golpe de Estado em 1964 que tirou o presidente João Goulart do poder. Como você já sabe, ditadura é o contrário de democracia. E, na ditadura, quem discorda das regras do jogo é perseguido e reprimido. E foi assim em 1964. Quem discordou dos militares foi preso, torturado e até morto.

A partir de 1965, com o Ato Institucional 2 (AI-2), os militares permitiram apenas a criação de duas associações políticas (associações, viu? Porque não se podia usar a palavra “partido”). E assim, surgiram a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), que defendia o regime militar, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que tinha a permissão para fazer uma oposição ao regime militar, desde que fosse bem de leve…

Nova República (1985 até hoje)

Em 1974, o presidente Ernesto Geisel, que era um general do Exército, decidiu adotar a política da “abertura lenta e gradual”, quer dizer, acabar com o regime militar aos pouquinhos para dar lugar à democracia. E democracia se faz com partidos políticos. Por quê? Porque os partidos representam as diferentes opiniões.

No final de 1979, novos partidos políticos começaram a se organizar no lugar da Arena e do MDB. Assim, em 1982, a Arena se transformou no Partido Democrático Social (PDS), e o MDB no Partido Democrático Brasileiro (PMDB). Nessa mesma época surgiram também o Partido Trabalhista Brasileiro, formado por pessoas que defendiam as ideias de Getúlio Vargas; o Partido Democrático Trabalhista (PDT) e o Partido dos Trabalhadores (PT).

Muita mudança, não? E teve mais! Nas eleições indiretas para presidente da República de 1984, o PDS ficou na maior dúvida porque tinha dois candidatos a lançar – Mário Andreazza e Paulo Maluf – e isso acabou causando um “racha” no partido. Daí a criação de um outro partido para apoiar Paulo Maluf, o Partido da Frente Liberal (PFL). E como o PFL, surgiram também outros: o Partido Popular Brasileiro (PPB), formado por pessoas insatisfeitas com o PDS; e o Partido Social-Democrático Brasileiro (PSDB), que foi formado com parte de insatisfeitos do PMDB.
E assim, a Nova República ou República redemocratizada ficou marcada pela grande quantidade de partidos que tinha. Alguns deles existem até hoje.

Quer saber quais são os partidos atualmente? É só entrar no site do Tribunal Superior Eleitoral.

Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura "plenarinho.leg.br - Câmara dos Deputados" e não seja para fins político-partidários

8 Comentário(s)

  • by jurema Amado postado 10/12/2017 21:32

    Gostei muito da forma como voce expos o assunto, bem dividido por epoca historica. Obrigada

  • by MARILEUZA ROSA DE SOUZA postado 25/02/2018 13:08

    Aprendi muito com este texto, porém com outras leituras vi que o Partido Comunista surgiu em 1922 na clandestinidade e oficialmente em 1945 apesar da perseguição sofrida. seria interessante atualizar o texto. Sugiro a leitura de Mulheres Públicas de Fanny Tabak.

  • by Ana Kelly postado 11/03/2018 10:31

    gostei da forma de como aso apresentadas os conteúdos,me ajudou bastante!

  • by Celso Pereira Brandão postado 29/03/2018 06:07

    O PFL não veio para apoiar Paulo Maluf surgiu no racha do PDS para fazer coligação com o PMDB e o PT para eleger Tancredo Neves e José Sarney

    • by Gilnair Alves Pereira postado 10/09/2020 15:27

      Celso Pereira Brandão, quais são suas fonte?

  • by felipe postado 10/11/2018 18:00

    legal

  • by José Antônio Batista do Sacramento postado 20/09/2021 17:40

    Há um erro absurdo na referência ao partido Conservador do Império quando afirma que este era contrário à escravidão. A Abolição da Escravatura (desde a supressão do tráfico de negros, sob a gestão de Eusébio de Queiroz, a Lei do Ventre Livre, de 1871, a Lei dos Sexagenários – preparada pelos liberais mas promulgada por um gabinete conservador e, finalmente a Lei Áurea, do conservador João Alfredo) foi feita pelo Partido Conservador. Desconhecimento da história ou má fé? Peço a correção e um pedido de desculpas.

    • by Turma do Plenarinho postado 20/09/2021 19:03

      Olá, José Antônio. Não entendemos bem a sua crítica, uma vez que não falamos nada relativo a escravidão em relação ao partido Conservador do Império. Abraços da Turma!

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