Grêmio estudantil e cidadania

Ilustração de uma sala de aula com portas e mesas em tons de marrom. Na frente do quadro verde de giz, onde está escrito "vídeo ecologia", está uma professora. Ela é loira de cabelos curtos e espetados para cima. Usa óculos de armação redonda e tem olhos azuis. A professora veste um casaco branco por cima de blusa verde e calças azuis e segura um livro de capa laranja. Do seu lado estão Zé, que está com as duas mãos para frente com os polegares para cima, Xereta, que segura um microfone e Adão, que tem uma das mãos fechada e outra aberta na sua frente. Na frente de todos, está Vital que aponta para eles uma câmera de vídeo e sorri. Todas as crianças vestem uniforme: camiseta branca com detalhes vermelhos na gola e nas mangas.

O grêmio estudantil é um movimento formado por estudantes para cuidar dos interesses dos seus colegas de escola. Nele, há criação de projetos para melhorar a vida de alunos, professores, funcionários e até vizinhos de bairro.

É uma grande responsabilidade, já que quem participa deve lutar pelos direitos da coletividade. Além disso, o grêmio é um espaço de diálogo entre a direção da escola e os estudantes.

Quando foi entrevistado pelo Plenarinho, Jonathan Maxuell tinha 14 anos e acabara de criar no seu colégio, em Belo Horizonte (MG), um jornal virtual com reclamações, matérias sobre a escola e a comunidade, além de informações úteis para os estudantes. Mas como ele conseguiu isso sendo apenas um estudante?

É que o Jonathan foi presidente do grêmio estudantil de sua escola. Como integrante do grêmio, ele conseguiu melhorar a quadra de educação física e também organizar várias excursões a creches e instituições de caridade.

Fez ainda programas de reciclagem de lixo que foram um sucesso; propôs a reinauguração da rádio do colégio, e também visitas à Câmara Municipal, à Assembleia Legislativa e aos jornais da cidade. Muita coisa, não?

Se você ficou curioso para saber que papo é esse de grêmio estudantil e como pode participar das decisões da sua escola, preste atenção! Afinal, em todo lugar há sempre algo importante a ser melhorado ou construído.

A dica de Jonathan é que as conversas devem ser levadas sempre numa boa. “Se a relação entre direção e alunos for conflituosa, o andamento da gestão do grêmio pode ficar prejudicada”, garante.

Afinal, como é formado um grêmio?

participacao-de-estudantesO Plenarinho dá a dica! Primeiro é preciso conversar com a diretora ou o diretor, montar chapas (grupos) com alunos de diversas séries ou de uma só, dispostos a assumir os cargos de presidente e secretários. Esse pessoal deve se juntar, apresentar propostas e projetos que melhorem o colégio e a vida dos estudantes. Depois disso, é preciso que os outros alunos da escola escolham, por meio de uma eleição, qual grupo deverá representá-los.

Será vencedora a chapa que obtiver o maior número de votos. Em caso de empate, haverá nova eleição. A duração do mandato da diretoria do grêmio é de um ano. A chapa vencedora fica responsável por atuar em benefício da escola e da comunidade. Uma grande “responsa”, Plenamiga(o)!

Movimento estudantil

O deputado Arlindo Chinaglia, do PT de São Paulo, foi militante da Universidade de Brasília (UnB), onde estudou medicina. Outros exemplos são os deputados Beto Albuquerque (PSB-RS), Aldo Rebelo (PCdoB-SP), Alice Portugal (PCdoB-BA) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AP). Eles se elegeram graças ao treinamento político na militância escolar.

Movimentos de estudantes marcaram a história política brasileira. Foi o caso da campanha das Diretas Já, que reivindicou eleições diretas para presidente da República. Os jovens participaram em peso dessa manifestação que garantiu ao Brasil a redemocratização. Momento importante que só!

Entrevista exclusiva!!

A Turma bateu um papo com a então deputada Vanessa Grazziotin, que contou o que pensa a respeito destes movimentos. Confira.

Xereta: De que movimento estudantil você participou e por que decidiu participar dessa atividade?

Vanessa: Participei do movimento estudantil universitário na Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Lá cheguei a ser a primeira mulher a presidir o Diretório Central dos Estudantes (DCE). Lembro-me que minha consciência política começou a ser formada nesse movimento. Na época, lutamos intensamente e conquistamos a meia passagem nos ônibus. Também lutamos pela democratização do País colocando na rua a memorável campanha das Diretas Já.

X: Na sua opinião, qual a importância do Grêmio Estudantil?

V: É no grêmio que o jovem começa a entender a importância da cultura, do esporte e da política para a sua vida. É um espaço onde se pode discutir os problemas da sua escola e o que deve ser feito para melhorar o ensino. Trata-se de uma organização saudável para a vida de um jovem.

X: A militância influenciou na decisão de ser deputada? Por quê?

V: Comecei a fazer política no movimento estudantil, mas a escolha pelo parlamento foi uma indicação de meu partido, o PCdoB. Na época, eu atuava no movimento de professores e o partido resolveu lançar minha candidatura para a vereadora e fui eleita. Enfrentei a candidatura como mais um desafio na minha vida.

O grêmio é assegurado por lei

escolas-no-brasilA deputada Vanessa ainda comentou que o grêmio ajuda os jovens a exercerem a cidadania. Cidadania é assunto sério, você sabe. Tão importante na vida dos estudantes que existe até uma lei que garante a existência dessas entidades estudantis no Brasil. Isso mesmo! Está escrito na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, a Lei 9.394/1996) que o grêmio estudantil é um direito dos estudantes brasileiros.

O movimento estudantil é a voz e a opinião dos estudantes de todo o Brasil. Não perca a chance de lutar por seus direitos e os de todos os cidadãos, seja na escola, na faculdade ou depois de formado. Você certamente estará contribuindo para construir um País melhor. Se na sua escola ainda não existe um grêmio, converse a diretora ou o diretor e proponha a criação, combinado? A gente fica na torcida!

(Publicado originalmente em 12 de fevereiro de 2007. Com informações do Correio Braziliense)

 

Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura "plenarinho.leg.br - Câmara dos Deputados" e não seja para fins político-partidários

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