Nessa história do Gato Renato, você vai ver que a relação de confiança na família é muito importante. Diante de uma mentira, muita coisa ruim pode acontecer: vira uma bola de neve.
Um gato no telhado
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Coleção Batutinha. Um gato no telhado, de Ana Maria Machado. Editora Salamandra. Leitura de Paulo Gonçalves.
Roteiro:
“MIAAU, MIAAU.” O que é isso, pessoal? É o grito de guerra do gato Renato. Ih, cadê ele? Está perto do armário da mãe, junto da janela, brincando com as coisas dela. Amarrou uma fita na cabeça e espetou uma pena que nem um índio. Tirou a camisa e pôs um colar no pescoço. Com uma toalha, fez uma tenda. Agora só falta pintar o corpo para ficar igualzinho aos índios dos filmes da televisão.
Bom, para essa pintura é o batom da mamãe. Pronto, agora é só olhar no espelho. Mas o espelho está numa prateleira tão alta. Se Renato ficar na ponta do pé, será que ele alcança? Ainda não. E se ele puxar com o cabo da vassoura? “CRAC, CRA, PLIM, PLIM” o espelho caiu e quebrou. Renato começou a catar os cacos, mas ouviu que sua mãe vinha chegando e tratou de esconder os pedacinhos. Foi juntando e guardando numa caixinha, mas a mãe já estava perto e ele guardou a caixa no bolso. “O que foi que houve, meu filho?”. Ele fez de conta de não sabia de nada: “Ué, aconteceu alguma coisa?”. Aí Dona Mimi se zangou: “Meu filho, eu estou vendo a porta do armário aberta, minhas coisas espalhadas e um caco de espelho no chão. Posso adivinhar o que aconteceu aqui?”. “Eu não mexi em nada, mamãe”. “Pois então você vai ficar de castigo. Não é por causa do espelho. É porque falou mentira”. “Não fui eu, foram os índios.” “Você e essa mania de televisão!” E o gato Renato ficou de castigo perto da janela.
Lá fora passou outro gato e chamou: “Alô, amigo! Sou Vadico. O gato Vadio”. “Sou Renato e estou de castigo.” “Deixa de onda e vem passear aqui fora. É legal, miau!” Renato foi e saíram correndo. Depois Vadico chamou: “Vamos passear no telhado? É sensacional, miau!”. Renato foi. Subiram por um cano do lado da casa e num instante estavam lá em cima. Que beleza! Dava para ver o jardim todo lá embaixo, as casas do outro lado da rua, o alto das árvores, uma pipa voando bem perto, passarinhos pousados num fio.
Mas o gato Renato nem pôde ficar olhando muito tempo porque Vadico já ia correndo lá na frente, pulando para o telhado do vizinho “Ei, espere aí, não me deixe para trás.” O outro telhado era um pouco diferente. Tinha um terraço com uma porção de roupa secando. O vento batia e elas balançavam. Brincaram um pouco de esconder por ali e seguiram adiante.
Passaram depois por um telhado velho que tinha telhas quebradas com um pouco de mato crescendo pelo meio. Vadico explicou que aquilo se chamava claraboia, e os dois foram em frente. Vadico corria muito, e o gato Renato tinha que prestar atenção para não ficar para trás. Mas era difícil, porque tinha tanta coisa para ver que ele se distraia toda hora.
Passaram por chaminés, viram uma porção de antenas de televisão de todos os tipos e tamanhos, tinha até um cata-vento com jeito de galo. De repente o gato Renato reparou que estavam chegando perto da torre da igreja, que tinha um relógio, um sino e bem lá em cima uma cruz. “Vamos lá olhar de perto, Vadico. Deve ser lindo!” E saiu correndo, mas Vadico já estava longe, em outro lado e não ouviu nada. E o gato Renato ficou sozinho.
Até que não estava achando a torre da igreja tão bonita assim. Bonita mesmo era a casa dele, o quarto dele, a mãe dele. O gato Renato já estava até ficando com saudade do castigo. Ele sabia que não podia sair de casa sem pedir à mamãe. E agora? Os telhados todos pareciam tão iguais, e a torre da igreja era muito alta, ele tinha medo de escorregar.
Como era o caminho de casa? Como é que ele ia voltar? Primeiro ele chamou: “Mamãe, papai. Minha mãe, miau, miau.” Depois ele chamou: “Super gato, Bat gato”. Nem a mãe, nem o pai, nem os mocinhos da televisão ouviram nada. Dona Mimi até que estava bem perto, lá embaixo, procurando o filho por toda parte. Mas nem podia desconfiar que ele estava tão no alto. E a voz dele era fraquinha, não dava para ela ouvir os miadinhos dele.
O gato Renato estava cansado, triste e começou a chorar. Quis enxugar o rosto na camisa, mas estava sem camisa. Botou a mão no bolso para ver se tinha um lenço. Não tinha. Só tinha uma caixa qualquer. Era a caixinha que estava cheia de cacos de espelhos. E o gato Renato teve uma ideia. “Que sorte! É uma ideia genial, miau!” Você sabe o que o gato Renato fez? Ele escolheu o maior caco de espelho e começou a brincar. O brilho do sol batia no espelho e voltava para o outro lado. Depois você experimenta para ver como é que é.
Tanto mexeu, tanto brincou, tanto brilhou, que o brilho acabou nos olhos de Dona Mimi lá embaixo. “Que brilho é aquele lá? Está piscando! Até parece alguém fazendo sinal. É o meu filho! Que bom!” Então ela falou com os bombeiros e trouxeram uma escada enorme para buscar o gato Renato em cima do telhado. Ele vinha tão assustado que Dona Mimi nem zangou com ele. Ela abraçou o filho, deu um beijo, lambeu o pelo dele para ele ficar bem limpinho e falou assim: “Como é que você teve essa ideia tão boa?”. “Aprendi com os filmes da televisão, mamãe.” Ela achou graça e disse para o chefe dos bombeiros: “É, este menino não tem jeito mesmo”. Fim da história.
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6 Comentário(s)
Criativa a história, mais não entendi muito bem, não sei se a era pra ele aprender a não mentir, ou era pra ele deixar de vicio na televisão ou era pra ele mentir e assistir televisão quando quiser.
Oi, Letícia! Como não somos os autores da história, não podemos garantir o que a autora quis transmitir com sua história. Mas a gente acredita que a mensagem seja algo como “quem mente e faz coisas escondido acaba se metendo em encrencas”. Abraços da Turma!
Oi gente e lindo
Que bom que gostou, Larissa! Também adoramos as histórias da Ana Maria Machado! Abraços da Turma!
Amei o video
Que, bom, Anna! Abraços da Turma!
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