Um príncipe para Lila

Ilustração. Uma mulher está em pé no centro da imagem, na frente do fundo roxo. Ela tem pele rosada e cabelos loiros. Usa um vestido rodado azul, com laço azul na cintura e colar de pérolas. Na cabeça, usa uma coroa azul. A mulher tem as sobrancelhas arqueadas e olhos entreabertos e a boca está curvada para baixo, em expressão de irritação. As duas mãos estão apoiadas na cintura.

Compreensão e paciência não fazem mal a ninguém. Aprenda nessa história da princesa Lila como a primeira impressão não deve ser a que fica.

Um príncipe para Lila

Clique para ouvir a história:

Coleção Estrela Cadente. Um príncipe para Lila, de Natalie Zimmerman. Trandução de Regina Regis Junqueira. Editora Dimensão. Leitura de Paulo Gonçalves.

Roteiro:

Era uma vez, num reino distante, a princesa Lila, orgulho de seus pais, o rei Baltazar e a rainha Margot. Chegou a idade de se casar. Ela era uma moça bonita, embora tivesse o pescoço um tanto comprido. E uma cara também um pouco um tanto pesada. Mas, acima de tudo, tinha olhos lindos. Grandes olhos cor de violeta que derretiam corações. Claro que todos os príncipes e os outros rapazes das redondezas, e mesmo de outros lugares, sonhavam em se casar um dia com a princesa. Mesmo que para isso tivessem que suportar seu pescoço comprido e sua cara enfezada.

Contudo, eles não sabiam era que Lila não enxergava quase nada a distância e só por isso ela ficava tão emburrada. E, sem enxergar direito, como é que ela ia escolher um bom marido? Sendo impossível ver se seus pretendentes eram feios ou sedutores, se pareciam burros ou inteligentes, ela pediu então ao rei Baltazar, o seu pai, que estabelecesse uma condição. Um aviso foi afixado em todos os muros das redondezas, e mesmo em outros lugares. O aviso dizia assim “A princesa Lila se casará com o primeiro que lhe fizer perder o seu pescoço comprido e seu ar enfezado. Todos os jovens do reino e mesmo de outros lugares podem participar.”

E um longo cortejo de pretendentes logo se formou nas portas do castelo. Alguns vestidos de palhaços, apelaram para as gracinhas, tentando divertir a princesa. Caíam ao chão, faziam caretas e amassavam tortas de creme na cabeça.

Contudo, por mais que espichasse o pescoço, ela não enxergava suas caretas. Achava que as tortas fossem chapéus e se perguntava de onde tinham vindo os palhaços que caíam aos seus pés. Ela mantinha, pois, os lábios fechados e não entendia por que todo mundo ria à sua volta.

Outros candidatos preparavam vestidos que apertavam o pescoço entre os ombros. Isso, porém, a machucava. A princesa mal conseguia se mexer. Ela mandou todos embora. Um acrobata fez com que ela plantasse bananeira. Após alguns minutos de ginástica, o pescoço da princesa não parecia ter diminuído, mas sua cabeça, já roxa, estava a ponto de estourar, e o seu rosto mais emburrado do que nunca.

Lila começava a desanimar, quando apareceu um rapaz desconhecido com uma maleta de médico na mão. A corte inteira encarou o estranho cheia de curiosidade. Ele se apresentou: “Abel, Olho de Águia, para os servir. Por gentileza, majestade, permita-me permanecer aqui”. O rei embaraçado pegou o cartaz que lhe estendeu.

Em seguida o rapaz apanhou uma cadeira e foi sentar a poucos centímetros de Lila, mergulhando intensamente o seu olhar no da princesa. Felizmente Abel Olho de Águia, que ela via perfeitamente, já que ele se colocara bem próximo dela, pareceu-lhe muito simpático. O jovem médico tirou de sua valise um curioso aparelho, que logo ajustou sobre o nariz da princesa.

Em seguida começou a colocar nele uma lente após a outra, que ele punha, tirava, tornava a pôr, perguntando sempre: “Está melhor assim? Como está aqui? Ou com a outra? Com esta?” À medida que ele ia trocando as lentes, a princesa ia perdendo o seu ar enfezado, quando finalmente o rapaz lhe perguntou: “O que você consegue ler aqui?” Lila leu todas as palavras alinhadas no cartaz que o Rei Baltazar segurava. “Cara Princesa Lila, seus olhos me fazem morrer de amor. Você quer se casar comigo?”

À medida que Lila ia lendo, o seu sorriso ia aumentando. Quando terminou, Abel Olho de Águia tirou a curiosa aparelhagem que havia colocado no nariz dela. Depois remexeu na sua valise e tirou de lá um maravilhoso par de óculos de ouro. “Olhe”, falou ele, “esses aqui vão servir para você”. Fim do pescoço de girafa e da cara de urso mal-humorado. Lila colocou os óculos e levantou a cabeça, sem precisar nunca mais ter de espichar o pescoço, ela descobriu, afinal, o mundo que lhe acervava. “Abel é o mais esperto e o mais belo de todos. Quero me casar com você. E quanto mais cedo melhor”, anunciou.

A multidão começou a aplaudir, a princesa sorrir e Abel a enrubescer.

Agora um pouco da história das palavras

O que é uma cara enfezada? É alguém que tem uma cara enfezada no momento em que está aborrecido ou de mal humor. O que é um cortejo? É um grupo de pessoas que vai caminhando em conjunto para o mesmo lugar. O que é preparar? É preparar um prato ou um vestido e o mesmo que preparar um prato ou costurar o vestido. O que é afixar um aviso? É colocar um cartaz em um lugar bem visível. Fim da história.

Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura "plenarinho.leg.br - Câmara dos Deputados" e não seja para fins político-partidários

Comente!

Seu endereço de email não vai ser publicado. Campos marcados com * são exigidos