Semana de Arte Moderna

Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Menotti Del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade foram importantes representantes do modernismo, movimento cultural que começou pra valer no Brasil com a Semana de Arte Moderna de 1922, realizada no Teatro Municipal de São Paulo.

Apesar de ter “semana” no nome, o evento que mudou para sempre a face artística do nosso país não levou sete dias. Foram três dias alternados: 13, 15 e 17 de fevereiro. Cada um deles foi dedicado a um tema diferente: pintura e escultura; poesia e literatura; música. O pretexto era comemorar o centenário da Independência do Brasil.

A Semana de 22 não repercutiu muito no País de imediato, o efeito foi mais a longo prazo e durante os anos que se seguiram. Parecia que ninguém mais conseguia fazer arte sem levar em conta o que havia acontecido naquele mês de fevereiro.

O modernismo

Para entender porque o modernismo foi tão importante é preciso explicar que, até então, a estética que prevalecia no nosso país vinha lá da Europa. O que era feito por aqui não era valorizado. Obras que mostrassem o lado tropical dos brasileiros, como os costumes e hábitos dos indígenas ou a população negra, eram mal recebidas – sequer eram tratadas como arte. Foi preciso que os artistas brasileiros, depois de entender muito bem o que acontecia lá fora, rompessem com essa estética e trouxessem para cá experiências ousadas e inovadoras.

O movimento era como um grito que dizia em alto e bom som: “sou arte brasileira e não me envergonho disso”. E se há um quadro que resume esse sentimento no imaginário de todos os brasileiros, é o “Abaporu”, da pintora Tarsila do Amaral.

“Abaporu”, que significa “o homem que come”, representa o espírito antropofágico modernista daqui, isto é, de “devorar e adaptar ao estilo brasileiro toda a cultura europeia”. Em 1995, o quadro foi leiloado por US$ 1 milhão e 500 mil dólares, tornando-se a tela mais cara da História brasileira! Hoje ele está exposto no Museu de Arte Latinoamericano de Buenos Aires – MALBA.

A Semana de 22, dia a dia

13/02 – Pintura e Escultura

O dia das artes plásticas reuniu pintores e escultores de estilos muito diversos. Em comum, eles tinham o desejo de romper com o tradicionalismo e criar uma expressão genuinamente brasileira. Entre eles, havia nomes como Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Victor Brecheret.

Grande destaque da Semana de 22, a pintora Anita Malfatti ficou muito conhecida no Brasil cinco anos antes, com sua mostra individual Exposição de Arte Moderna. Nos trabalhos ali reunidos, ela abandonou o modelo tradicional e clássico de fazer arte, usando cores e formas diferentes para representar pessoas, lugares, natureza e algumas situações.

Logo depois da mostra, o escritor Monteiro Lobato (aquele que escreveu o Sítio do Pica Pau Amarelo) fez uma crítica feroz às obras de Anita em seu artigo “Paranoia ou mistificação?”, publicado no jornal O Estado de S. Paulo. Foi o estopim do modernismo. Isso porque acabou provocando a união dos jovens artistas brasileiros, levando-os a discutir a necessidade de divulgar coletivamente o movimento.

15/02 – Poesia e Literatura

A explosão de formas e cores também atingiu as letras. Os versos certinhos, todos rimados, começaram a ser deixados de lado, e a rima livre começou a aparecer. O escritor Mário de Andrade escreveu a série “Os mestres do passado”, analisando a poesia feita até aquela época e mostrando a necessidade de superá-la, porque missão dela já havia sido cumprida.

O dia 15 de fevereiro de 1922 foi o mais ardente da Semana. A “atração” da noite foi a palestra de Menotti Del Picchia sobre a arte estética. Menotti apresentou os escritores dos novos tempos e surgiram vaias e barulhos diversos (miados, latidos, grunhidos, relinchos…) que se alternavam e se confundiam com aplausos.

Quando o poeta Ronald de Carvalho leu o poema intitulado “Os Sapos”, de Manuel Bandeira (poema que critica abertamente a antiga poesia), o público fez coro atrapalhando a leitura do texto. A noite acabou em algazarra. Ronald estava declamando o poema de Bandeira porque o escritor estava sofrendo com uma crise de tuberculose.

17/02 – Música

No último dia da Semana, a apresentação futurista do músico Villa-Lobos provocou muita reação. E nesse evento aconteceu uma coisa muito engraçada. Villa-Lobos entrou no teatro de casaca, com um pé calçado com um sapato e outro com chinelo; o público interpretou a atitude dele como desafiadora e desrespeitosa, e o artista foi vaiado impiedosamente. Mas depois ele explicou que não era nada disso, era apenas um calo no pé.

E assim foi aquela semana modernista de três dias, que deu lugar à irreverência e à coragem dos nossos modernos artistas.

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1 Comentário

  • by Maria Luiza Pereira postado 31/05/2020 17:21

    Achei muito enteresante

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