Os perigos do trabalho infantil doméstico

Um grande problema que nosso país (ainda) enfrenta é o trabalho infantil doméstico. Isso mesmo. Tem gente que contrata babás ou empregadas domésticas com menos de 16 anos, dando a desculpa que estão “ajudando” na formação dessas meninas. Você sabe os males que o trabalho infantil doméstico pode causar?

Ajudar em casa é legal

Nas famílias, é comum os filhos ajudarem os pais com pequenas tarefas domésticas, e esses servicinhos dentro de casa até fazem parte do processo educativo da meninada. É até muito legal e proveitoso para as crianças aprenderem desde cedo a arrumar a própria cama, por exemplo. Mas isso não é trabalho doméstico infantil, não; é apenas uma demonstração de cooperação entre os membros da família.

O que é o trabalho infantil doméstico?

O verdadeiro trabalho infantil doméstico (TID) é outra coisa bem diferente: pode ser definido como o trabalho de crianças e adolescentes, menores de 16 anos, realizado na própria casa ou na casa de terceiros, pago ou não, que consiste em fazer faxina na casa, lavar, passar, cozinhar e cuidar de crianças  -os irmãos menores ou os filhos dos donos da casa (crianças cuidando de crianças!). Como os outros tipos de trabalho infantil, prejudica o desenvolvimento, a saúde física e mental das crianças.

Além de pesado e cansativo, o TID é também perigoso. Já pensou nos riscos que uma menina de 10, 12 anos corre, mexendo no fogão, ou usando produtos químicos de limpeza, álcool, venenos, aparelhos elétricos, facas…? Inúmeras crianças sofrem acidentes (queimaduras, quedas, choques, cortes, etc.) ao desempenhar tarefas domésticas.

Quer saber como trabalho doméstico infantil afeta a vida das crianças? Então dá uma olhada nesse vídeo do Diário de uma Trabalhadora Infantil.

Prejuízo nos estudos

As meninas domésticas ficam horas e horas no batente, tanto quanto as empregadas adultas. Em consequência, principalmente aquelas que moram na casa dos patrões, não têm um bom desempenho e sucesso escolar, seja porque estão cansadas demais no final do dia, seja porque têm de trabalhar também durante a noite. Nossas meninas trabalhadoras acabam sendo privadas de vários direitos fundamentais, tais como o direito ao convívio familiar, ao lazer e à escola. E é difícil essas meninas se formarem, garantirem uma boa profissão e sucesso no futuro.

Outro problema muito sério é que, nesse tipo de trabalho, está sempre presente o risco de as meninas sofrerem exploração sexual ou violência física ou moral. Como trabalham dentro de uma casa alheia, muitas meninas se tornam presa fácil de patrões malvados e mal-intencionados. Muitas delas apanham ou são humilhadas quando não fazem o serviço conforme foi pedido pelos patrões; outras vezes passam por situações bem difíceis, sendo abusadas sexualmente. Um horror! Sem falar que, como não têm carteira assinada, acabam não tendo direito a receber direitinho o salário, férias e 13º salário.

* Reportagem publicada originalmente em março de 2008, e editada em 2017 para o novo portal.