Dos Réis ao Real

Ilustração com fundo marrom. Espalhadas pela imagem há seis notas de dinheiro: Cruzeiro e real. No centro, a Turma do Plenarinho está entre as notas.

Desde a proclamação da República, em 1889, o Brasil passou por grandes turbulências financeiras e teve que trocar de moeda por oito vezes. A primeira, depois dos réis do Brasil Colônia, foi o cruzeiro. O cruzeiro foi seguido pelo cruzeiro novo, cruzeiro (novamente ele), cruzado, cruzado novo, cruzeiro (mais uma vez), cruzeiro real e finalmente o nosso real, em 1994. Algumas tiveram pouquinho tempo de vida, como o cruzado novo, que valeu por apenas um ano (1889 – 1990). Poucas moedas duraram tanto quanto o nosso real.

Troca-troca

O principal motivo para o troca das moedas brasileira sempre foi a famosa inflação. Sabe o que essa palavra significa?

A inflação é causada quando a moeda perde seu lastro (lastro é um nome que vem da engenharia e significa material para dar estabilidade). Até a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o valor da moeda brasileira era calculado com lastro-ouro. Ou seja, se o governo emitisse uma nota de 10 “dinheiros”, ele teria que ter num cofre o mesmo valor em ouro! Depois da guerra, o lastro passou a ser o dólar americano. Dessa forma, para cada dinheiro nacional emitido, deveria haver um dólar americano guardado. Esse procedimento serve para dar credibilidade à moeda. Afinal de contas, a nota por si só é apenas um pedaço de papel, né?

A coisa começou a enrolar quando os governantes passaram a emitir moeda sem lastro suficiente. Por exemplo: Eles tinham apenas 100 dólares guardados, mas emitiam 200 “dinheiros” nacionais. O resultado da manobra é que a moeda passava a ter apenas metade do seu valor. Os governos faziam isso para que houvesse mais dinheiro circulando e o consumo continuasse. E os cidadãos sentiam no bolso o problema porque os produtos continuavam com o mesmo preço, mas como a moeda valia menos, era necessário mais recursos para comprar as coisas.

Corte de zeros e novas moedas

O presidente do Conselho de Economia do Distrito Federal (Corecon – DF), Mário Sérgio Sallorenzo, explicou que os governantes trocavam de moeda para dar a impressão de que uma nova era começava, tentando deixar a população mais otimista. Como as trocas geralmente vinham com o corte de zeros, as pessoas sentiam que o dinheiro valia mais. Quer dizer, se um bem custava 300 mil dinheiros, com a troca de moedas, ele geralmente passava a valer apenas 300 dinheiros. O problema é que rapidinho os preços subiam novamente! Para você ter uma ideia, por volta de 1988, um carro custava mais de um bilhão de cruzeiros! Já imaginou?!

Mário Sérgio defende que o combate à inflação não era feito da maneira correta. Os governantes escolhiam os “remédios” errados. E aí, ao invés de curar, acabavam agravando a situação. Como nada dava certo, foi necessário “operar” o paciente. Surgiu, então, o Plano Real, que trouxe mudanças mais profundas na nossa economia.

Por que o Real deu certo?

Com o troca-troca constante de moeda, os preços dos produtos começaram a ficar loucos! Não havia uma base para calcular o valor das coisas. Por isso, o grande ponto positivo do Plano Real foi padronizar os preços usando uma moeda provisória chamada Unidade Relativa de Valor (URV), que custava o mesmo que um dólar americano. Depois de ajustar o cálculo dos preços, o governo conseguiu controlar a inflação e lançar uma moeda forte: o Real, que na época valia 2750 cruzeiros reais.

Moedas do Brasil

A primeira moeda brasileira foi uma herança da colonização. Eram os famosos réis (na verdade, a moeda se chamava real e no plural era denominada réis). Por um longo tempo, eles foram nossa moeda oficial. Porém, a inflação foi aumentando e os réis passaram a valer quase nada. Foi então que, em 1942, entrou em cena o cruzeiro, que valia mil réis.

O cruzeiro, porém, também começou a sofrer desvalorização. Era muito dinheiro circulando e, como vimos, pouco lastro! Dessa maneira, em 1967, ele passou a bola para o cruzeiro novo.

O cruzeiro novo chegou valendo mil vezes mais que o seu antecessor. Mas, em 1970, foi substituído (dessa vez, foi só uma troca de nome, sem corte de zeros: o cruzeiro novo voltou a se chamar cruzeiro).

A inflação seguia firme e forte. Com o tempo, o cruzeiro já não estava valendo nada. Para você ter uma ideia, nessa época, para comprar um pacotinho de figurinha eram necessários 500 cruzeiros!

A solução?! Uma nova moeda. Em 1986, o cruzeiro saiu e entrou o cruzado. Um cruzado valia mil cruzeiros. Mas adivinhe – a inflação mais uma vez levou a melhor. Três anos depois, em 1989, o cruzado foi substituído pelo cruzado novo. E, como você já deve ter imaginado, um cruzado novo valia mil cruzados.

Em 1990, o cruzado novo mudou de nome e a moeda brasileira voltou a ser o cruzeiro. Mas parece que a mudança deu azar! Em 1993, foi preciso fazer mais uma troca com redução de zeros! O cruzeiro passou então a ser cruzeiro real. Mas não por muito tempo – logo ele também se desvalorizou demais. Foi quando entrou em cena nossa atual moeda: o real!

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