Câmara Mirim Virtual: um desafio para os educadores

Produzir o Câmara Mirim é sempre um grande desafio, seja ele presencial ou virtual. E a parceria com os educadores é fundamental para tornar tudo realidade. Com a edição totalmente online devido à pandemia da Covid-19, esse trabalho conjunto foi ainda mais importante neste ano. Afinal, mobilizar estudantes para mais uma atividade frente às telas não é uma tarefa fácil.

“Dentre tantos desafios, o maior foi mostrar aos alunos, virtualmente, o significado e a grandeza do projeto. Imersos em aulas online, atividades, provas e uma vida acadêmica sustentada por telas, engajá-los nessa empreitada foi um imenso desafio”, avalia Marília Navarqui, professora do Claretiano Colégio (Rio Claro/SP).

Vale lembrar que o trabalho em casa também sobrecarregou os educadores. “Busquei me superar diariamente, dado o volume de novas atribuições que surgiram com o home office e a pandemia nas escolas. Participar do Câmara Mirim é o resultado mais gratificante de tudo que eu já vivenciei nestes doze anos de magistério”, destaca o professor Andreilson de Castro, do Colégio Sagrado Coração de Maria (Mossoró/RN).

Acesso à tecnologia

O coordenador da Câmara Mirim de Balneário Camboriú (SC), Márcio Roberto Gonçalves, considera que a familiaridade com as atividades online facilitou a participação dos jovens do seu grupo. Ainda assim, foi desafiador prepará-los para debater sem o olho no olho. “Presencialmente, as conversas e opiniões fluem melhor. Mas a experiência de poder debater usando as tecnologias tão comuns para essa geração foi bem proveitosa”, avalia.

As desigualdades de acesso a tecnologias também apareceram. “O maior desafio foi a falta de recursos digitais dos meus alunos. A maioria não possui computador e tem internet limitada, além de estarem passando por momentos difíceis, em especial nesta pandemia: falta de estrutura familiar, de condições para estudo”, enumera a educadora Juliana Aquino Brum, da Escola Cidadã de Ibirité (MG). Educador do Claretiano Colégio (Rio Claro/SP), Conrado Ferranti Bichara lembra que, no que se refere à educação no Brasil, a exclusão digital é o maior desafio. “Mas acredito que todos conseguiram e foi muito satisfatório”, conclui.

Por outro lado, Paulo Roberto Leandro da Silva, da Escola Estadual Manoel Simplício do Nascimento (Maceió/AL), comenta que a edição virtual viabilizou a participação de quem já enfrentou dificuldades para vir a Brasília. “Se já tivéssemos essa ideia, nossa escola poderia ter participado no ano passado. O virtual facilita neste sentido, criando uma condição muito maior de participação democrática para os meninos e professores”, considera o professor.

Planos adiados

Ainda assim, os educadores também precisaram trabalhar a frustração dos jovens que esperavam vir a Brasília debater os projetos selecionados. “Os estudantes estavam aguardando com muita ansiedade a participação presencial, ficaram frustrados. Porém, quando falamos que seria a oportunidade de fazerem história, ficaram muito animados. Participar da primeira Sessão Mirim Virtual da Câmara de Deputados não tem preço”, comemora o coordenador do programa Vereador Mirim, da Câmara Municipal de Jaraguá do Sul (SC), Joel Corrêa. “Não existem barreiras para se falar sobre democracia. Não importa a plataforma, não importa se virtual ou presencial, o que importa é falar sobre a importância da participação política. Somos a mudança que queremos”, conclui o educador.

Juliana Filippe, da Câmara Mirim de Joinville (SC), concorda. “Levo a certeza de que tudo é possível e que conseguimos nos reinventar, mesmo nos piores momentos”, diz. Juliana Aquino Brum acrescenta que ver tantos alunos protagonizando ideias para melhorar o país nos enche de esperança – inclusive esperança na educação, única forma de termos dias melhores, segundo ela.

Devido às mudanças impostas pela pandemia, o regulamento do Câmara Mirim foi alterado e os participantes deste ano poderão participar da próxima edição. Inspirada na decisão, a Escola do Legislativo de Joinville prorrogou os mandatos dos vereadores mirins até 2021. Secretária legislativa da instituição, Luana Santos se surpreendeu com a experiência virtual. “É um grande aprendizado que a conexão entre as pessoas vai além do encontro físico. A conexão é um ato de vontade de continuar, é um pulso pela vida, a esperança própria que brota e nos faz trazer alternativas para que a gente possa continuar vivendo. E o desejo pela vida é produtor, ele produz encontros, mesmo que sejam virtuais, mas que também constroem”, ensina.

O aprendizado foi imenso também para nós, da equipe do Plenarinho. A expectativa para a próxima edição já é grande! Mais uma vez, fica o nosso agradecimento a todos que enfrentaram as dificuldades técnicas, a timidez e o excesso de trabalho para tornar realidade este projeto piloto. Até 2021!

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