Marechal Rondon

Ilustração com fundo em tons de cor de laranja, com pessoas indígenas espalhadas. No centro, um homem de pele parda, cabelos e bigodes grisalhos veste farda bege e sorri.

 

Sabia que Rondônia recebeu esse nome em homenagem a um homem? E que esse homem originalmente não tinha “Rondon” em seu sobrenome? Cândido Mariano da Silva, que entrou para a história como o Marechal Rondon, nasceu em Mimoso, hoje Santo Antônio de Leverger/MT, em 5 de maio de 1865.

Mas de onde saiu esse sobrenome? Do tio que o criou desde pequeno, o capitão da Guarda Nacional Manuel Rodrigues da Silva Rondon. O menino Cândido perdeu o pai antes mesmo de nascer, e a mãe, aos dois anos de idade. Foi levado ainda pequeno para Cuiabá, onde estudou até se formar professor, em 1881.

Mas Cândido queria seguir adiante nos estudos e ser militar. Depois de se alistar no Exército, foi estudar na Escola Militar do Rio de Janeiro. Voltou a Cuiabá em 1890, ano do falecimento do tio. Foi quando passou a usar legalmente o seu sobrenome. Foi também quando se graduou como capitão-engenheiro e bacharel em Matemática e Ciências Físicas e Naturais.

O sertanista Cândido Rondon

Já ouviu falar nessa palavra, sertanista? É o nome que se dava aos exploradores do interior do Brasil. E foi o que Cândido Rondon fez durante boa parte de sua vida. Tudo começou quando integrou a Comissão Construtora de Linhas Telegráficas, chefiada pelo major Gomes Carneiro, ainda em 1890. Seu objetivo era estender as comunicações do Mato Grosso ao Rio de Janeiro, cruzando o interior do Brasil.

Com Gomes Carneiro, Rondon aprendeu o que era preciso para instalar postes de linhas telegráficas, mas não só – também conheceu técnicas de sobrevivência e localização nos sertões e descobriu a importância de estabelecer um contato pacífico com as populações indígenas.

Apesar de todas as dificuldades, em 1891, a Comissão concluiu seus trabalhos, com a instalação de 1574 km de linhas telegráficas. E Rondon estava pronto para liderar suas próprias missões.

“Morrer, se preciso for. Matar nunca!”

Dizem que este era o lema de Rondon em relação aos povos indígenas que encontrava desbravando o interior do Brasil.

Com os Bororo, ele estabeleceu uma relação de cooperação. Em 1899, quando estendia as linhas telegráficas entre Cuiabá e Corumbá, contou com a ajuda dos indígenas para abrir caminhos na mata e fixar postes. Em retribuição, Rondon conseguiu que o governo do Mato Grosso reconhecesse as terras das aldeias de Ipegue e Cachoeirinha como propriedade dos Bororo.

Mesmo com os hostis Nhambiquara, ele conseguiu ter contatos pacíficos. Foi em 1906, em uma expedição para interligar Mato Grosso e Acre pelas linhas telegráficas.

Inicialmente, Rondon pensava que o melhor para os indígenas era que se integrassem à sociedade brasileira de forma pacífica e voluntária. Mas, ao longo do tempo, foi se indignando com a forma violenta com que fazendeiros, garimpeiros e madeireiros tratavam esses povos. Passou então a defender o direito deles de viverem isolados e de terem suas terras reconhecidas e protegidas.

Rondon dirigiu o Serviço de Proteção ao Índio e, posteriormente, o Conselho Nacional de Proteção aos Índios. Foi o idealizador do Parque Nacional do Xingu, mas infelizmente não viveu para vê-lo ser criado. Ele morreu em 19 de janeiro de 1958, e o Parque foi fundado em 1961.

O legado de Rondon

Rondon foi responsável por interligar várias localidades no interior do País pelas linhas do telégrafo. Ele realizou o levantamento geográfico de 50 mil km lineares de terras e de águas, determinou duzentas coordenadas geográficas e incluiu 12 rios no mapa do Brasil, corrigindo o curso de outros.

Além disso, ele ajudou a delimitar o território brasileiro, percorrendo ou coordenando expedições que demarcaram os 17 mil km de nossas fronteiras. E fez isso sem criar conflitos com um único país.

Também foi responsável por solucionar, de forma pacífica, um conflito diplomático entre Peru e Colômbia pela região de Letícia. Foi em 1934, quando chefiou a Comissão Mista da Liga das Nações.

Mas a maior contribuição de Rondon talvez seja a sua luta em defesa dos direitos indígenas. Tendo, ele mesmo, ascendência Bororo, Terena e Guaná, tinha profunda identificação com os povos originários, assumindo publicamente sua identidade Bororo em meados dos anos 1940.

Por tudo que fez pelo País, em 1955, recebeu o título de Marechal, a mais alta patente do Exército Brasileiro, na Câmara dos Deputados. Cidades foram batizadas em sua homenagem, assim como o estado de Rondônia. E até ao Prêmio Nobel da Paz ele foi cotado – não uma, mas duas vezes!

Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura "plenarinho.leg.br - Câmara dos Deputados" e não seja para fins político-partidários

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