Conservação do solo

Há quem chame a Terra de ‘terceira rocha a partir do Sol’. Não é à toa. Nosso planeta realmente é feito de rocha. O solo que o recobre é essa rocha submetida à ação do tempo. E bota tempo nisso: foram necessários milhões de anos até que se formasse essa camada fina, onde plantas podem crescer. O solo é rico em minerais e em matéria orgânica, vinda de todas as criaturas que vivem ou que já viveram nele.

Se o solo demorou tanto tempo para se formar, não vai ser de uma hora para outra que ele vai se refazer após um grande desgaste, certo? E ele nunca vai ficar tão fértil quanto em seu estado original. Por isso é que é tão importante preservá-lo.

“Mas tem terra de sobra no planeta!”

O planeta Terra tem cerca de 150 milhões de quilômetros quadrados de terras. Será que é motivo para alarme se um pedacinho ou outro deixarem de ser produtivos? Se fosse um pedacinho só…

Mas, segundo dados da ONU de 2019, a cada 5 segundos, o mundo perde uma quantidade de solo equivalente a um campo de futebol. No ritmo atual, mais de 90% de todos os solos do planeta podem ser degradados até 2050. Se essa previsão se confirmar, a terra vai se tornar árida e deixar de gerar alimentos para mais de 4 bilhões de habitantes, forçando movimentos migratórios de milhões de pessoas.

O que causa a degradação do solo?

Duas práticas podem levar ao esgotamento dos solos: a agricultura intensiva, que não respeita os ritmos da natureza e não dá à terra o tempo necessário para se restabelecer, e o desmatamento, isto é, a derrubada da vegetação nativa de um ecossistema.

Mas qual é o problema de derrubar a mata se depois plantamos lavouras ou pasto nesse lugar? Não é planta do mesmo jeito? Infelizmente não é assim que as coisas funcionam.

Com suas raízes mais profundas, a mata ajuda o solo a absorver a água. Sem essa cobertura vegetal, a água das chuvas se desloca sem barreiras, chegando com grande volume e velocidade a cidades, rios e lagos, causando enchentes e alagamentos. Sem falar nos deslizamentos de terra pelo caminho.

A cobertura vegetal também impede que as chuvas ‘lavem’ o solo e arrastem os nutrientes da terra para os rios. Aliás, se um grande volume de sedimentos for arrastado para o leito dos rios a cada chuva, esses cursos d’água vão ficar cada vez mais rasos, até secarem. É o que chamamos de assoreamento.

E a coisa fica pior: se a chuva não penetra na terra, não abastece os lençóis freáticos, uma espécie de reservatório de água subterrâneo que alimenta as nascentes dos rios. Sem água, as nascentes podem secar e, aí, os rios já eram.

O que pode ser feito para conservar o solo?

• Uso inteligente da terra: com as técnicas certas, as terras podem produzir mais e melhor, sem correr risco de serem exauridas. Centros de pesquisa como a Embrapa podem ser boas fontes de informação sobre o assunto.
• Fim do desmatamento ilegal: lavouras e mata nativa podem e devem coexistir! A longo prazo, é a melhor solução para o solo, as águas, as culturas e o meio ambiente.
• Reflorestamento em áreas degradadas: refazer a cobertura vegetal nativa nas áreas onde ela não existe mais pode demorar um pouco, mas traz muitos benefícios ambientais.

Três datas, uma preocupação

Conservação do solo é um assunto tão importante que aparece três vezes no calendário: no dia 15 de abril (Dia Nacional da Conservação do Solo), no dia 22 de abril (Dia da Terra) e no dia 5 de dezembro (Dia Mundial do Solo).