Roberto Burle Marx

Basta ouvir o nome Burle Marx que já associamos aos parques, praças e jardins que ele criou em todo o mundo. Mas qual era a formação de Roberto Burle Marx? Botânico? Arquiteto paisagista? Pasme – ele era artista plástico.

Nascido em São Paulo em 4 de agosto de 1909, Roberto era filho da pernambucana Cecília Burle e do judeu alemão Wilhelm Marx. Foi a mãe, musicista talentosa, que apresentou o menino a dois de seus grandes amores: a música e as plantas. Foi ela também que o ajudou a formar a sua primeira coleção de plantas, aos oito anos, quando já moravam no bairro do Leme, na cidade do Rio de Janeiro.

Já adolescente, em 1928, Roberto passou uma temporada na Alemanha para tratar um problema de visão. Ali teve a oportunidade de visitar exposições de grandes pintores, como Van Gogh e Picasso. Ficou tão impactado por aquelas obras que decidiu ser pintor.

Mas e as plantas, ficaram de lado? Que nada. Em Berlim, ele visitou um jardim botânico e pôde conhecer exemplares da flora brasileira que nunca vira. Roberto não podia entender: por que não se viam jardins com flora local no Brasil? Aquele pensamento nunca o abandonou, e viria a tornar-se a marca de seu trabalho.

Artista plástico? Paisagista? Tudo isso e mais um pouco

De volta ao Brasil, em 1930, Roberto estudou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ali, conviveu com artistas como Cândido Portinari e com o arquiteto Oscar Niemeyer.

Aliás, sabe quem era vizinho e amigo de Burle Marx, e conhecia bem seu amor por plantas? Lúcio Costa. Foi ele quem convidou Roberto a fazer seu primeiro projeto paisagístico, em 1932: o jardim de uma casa que o arquiteto e urbanista desenhara.

A partir daí, o jovem Burle Marx descobriu que sua arte independia da matéria-prima – desenhando, pintando, esculpindo, criando joias, fazendo tapeçaria ou projetando jardins, ele conseguia transmitir conceitos e emocionar.

Jardins para todos

Autor de milhares de projetos paisagísticos no Brasil e no mundo, Burle Marx sempre preferiu criá-los para espaços públicos. Para ele, jardins e parques deveriam ser desfrutados por todos que por eles passassem.

Para citar algumas de suas criações mais famosas, em São Paulo, ele projetou o parque que leva o seu nome. Na cidade do Rio de Janeiro, merecem destaque o Parque do Flamengo e os jardins de Botafogo, do palácio Gustavo Capanema e das sedes do BNDES e da Petrobras. Em Brasília, a Praça dos Cristais e os jardins do Eixo Monumental, do Palácio do Itamaraty e da SQS 308 são suas obras mais conhecidas. Se bobear, tem algum projeto paisagístico de Burle Marx bem aí, no estado onde você mora!

Genialidade reconhecida

Considerado um dos maiores paisagistas do século XX, em 1971, Roberto Burle Marx recebeu a Comenda da Ordem do Rio Branco do Itamaraty em Brasília. Em 1982, recebeu dois títulos de Doutor honoris causa: da Academia Real de Belas Artes de Haia (Holanda) e do Royal College of Art em Londres (Inglaterra).

Um legado para a humanidade

Em 1949, Burle Marx comprou um sítio em Barra de Guaratiba, no Rio de Janeiro. Ele, que sempre se preocupou com a preservação da flora brasileira, começou a reunir plantas tropicais e semitropicais que encontrava em suas expedições pelo País.

O espaço, conhecido como Sítio Roberto Burle Marx, foi doado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1985, mesmo ano em que foi reconhecido como patrimônio cultural brasileiro.

Em 27 de julho de 2021, o Sítio tornou-se o 23º bem brasileiro a integrar a Lista do Patrimônio Mundial, na categoria de Paisagem Cultural, na qual se enquadram bens que referenciam a interação entre o ambiente natural e as atividades humanas, resultando em uma paisagem natural modificada.

Sua coleção de plantas hoje soma mais de 3.500 espécies – cerca de 30 delas, por sinal, levam o nome ‘burlemarxii’, em homenagem à primeira pessoa que as identificou.

Burle Marx morreu em 4 de junho de 1994, no Rio de Janeiro. Mas seu legado continua a florescer em praças, jardins, parques e no coração de quem descobre o amor pelas plantas.

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