Mário de Andrade

Mário de Andrade foi uma daquelas pessoas que a gente não quer como primo. Já imaginou? Em toda reunião de família ouvir: “com a sua idade, seu primo Mário era um pianista virtuoso, falava francês e escrevia poesia”…

Pois Mário de Andrade foi tudo isso e muito mais. Considerado um dos mais importantes escritores da Literatura Brasileira, Mário foi romancista, cronista, poeta, crítico de literatura e arte, musicólogo, fotógrafo, etnógrafo e folclorista. E fez tudo muitíssimo bem.

Nascido na cidade de São Paulo em 9 de outubro de 1893, Mário Raul de Morais Andrade era descrito como um bom aluno, mas nada de excepcional. Em compensação, nos assuntos de seu interesse – literatura e música -, ele se destacava.

Tinha tudo para se tornar um pianista brilhante, como seu irmão, Renato, mas uma tragédia se abateu sobre a família. Aos 14 anos, Renato morreu em consequência de um golpe em uma partida de futebol. A perda tão traumática deixou Mário com um tremor nas mãos que o impediu de seguir tocando piano.

Anos marcantes

Na vida, há anos em que tudo parece acontecer. Para o Mário, 1917 certamente foi um desses anos. Foi quando ele se formou no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, publicou seu primeiro livro de poesias sob o pseudônimo Mário Sobral e perdeu o pai. Foi também o ano em que conheceu Anita Malfatti, uma pintora cheia de ideias inovadoras, que tinha acabado de realizar uma exposição individual para lá de polêmica. E o escritor Oswald de Andrade, que se aproximou depois de assistir a uma conferência do Mário.

Aqueles jovens começaram a pensar juntos uma nova forma de se fazer arte e cultura no Brasil. Eles queriam romper com a rigidez das expressões artísticas produzidas no País até então. Ao mesmo tempo, queriam que suas obras transmitissem brasilidade como nunca antes. Era o começo do Grupo dos Cinco – e do modernismo brasileiro.

Veio então 1922, mais um ano daqueles na vida de Mário de Andrade. Foi o ano em que, junto com o Grupo dos Cinco, organizou e foi uma das estrelas da Semana de Arte Moderna de São Paulo; lançou o livro de poesias “Pauliceia Desvairada”, um marco do movimento modernista no Brasil; tornou-se professor de História da Música e da Estética no Conservatório onde estudou.

O polímata

Sabe o que é polímata? É alguém que é profundo conhecedor de vários assuntos. Justamente o caso do Mário. Quando se interessava por um assunto, pesquisava tão profundamente que se tornava especialista. Foi o que aconteceu com a cultura e o folclore brasileiros. Por anos, o escritor viajou por todo o Brasil, registrando tudo que podia sobre música, lendas, modos de vida, jeitos de falar…

Dizem que sua obra-prima – Macunaíma -, publicada em 1928, foi redigida em menos de uma semana, enquanto o autor passava as festas de fim de ano no sítio da família em Araraquara. Mário estava tão bem preparado depois de tanta pesquisa que o livro quase se escreveu sozinho.

Mário de Andrade seguiu a vida assim – curioso, incansável, genial – até falecer de ataque cardíaco, em 25 de fevereiro de 1945.

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