Menotti Del Picchia

“Como escritor – pois a pena é a principal arma com que vencestes na vida – tendes sido tudo: jornalista, poeta, romancista, novelista, cronista, contista, teatrólogo, polemista. E assim como o vosso nome é terrivelmente italiano e sois terrivelmente brasileiro, essa aparente dispersão literária é o elemento vital de vossa coerência.”

Assim o escritor Cassiano Ricardo descreveu Menotti Del Picchia no discurso que fez para recebê-lo na Academia Brasileira de Letras. De fato, o membro do Grupo dos Cinco que viveu por mais tempo foi tudo isso e muito mais.

Filho de Luigi e Corina, imigrantes italianos, Paulo Menotti Del Picchia nasceu na cidade de São Paulo em 20 março de 1892. Com cinco anos, foi morar no interior, na cidade de Itapira, que acabou se tornando importante na história do autor. Foi para ela que Menotti voltou, recém-formado em Direito, depois de estudar em Campinas e na capital.

Ali ele trabalhou como advogado e jornalista, tendo dirigido o jornal Cidade de Itapira e fundado O Grito. Foi lá também que ele escreveu os poemas Moisés e Juca Mulato, grandes marcos da sua carreira. Um detalhe interessante foi o ano de publicação das obras: 1917, coincidentemente o mesmo ano em que Oswald e Mário de Andrade se conheceram e saíram em defesa da pintora Anita Malfatti.

Em 1920, Menotti voltou a São Paulo para assumir a direção do jornal A Gazeta. No mesmo ano, fundou a revista Papel e Tinta, com Oswald de Andrade, e lançou Máscaras, uma de suas obras mais famosas. No Correio Paulistano, sob o pseudônimo Hélios, começou a fazer defesas acaloradas do modernismo.

Já membro do Grupo dos Cinco, Menotti participou intensamente da organização da Semana de Arte Moderna, tendo sido responsável por abrir a segunda noite do evento, a mais tumultuada e importante de todas.

Um nacionalista fervoroso

Menotti era um apaixonado pela Pátria e suas expressões artísticas. Com Cassiano Ricardo, Plínio Salgado e outros, ele fundou o movimento político-literário Verde-Amarelo (ou Verdamarelo), que se opunha ao Pau-Brasil, de Oswald de Andrade; depois, com Cassiano Ricardo e Mota Filho, dirigiu o Grupo Anta e chefiou o Movimento Cultural Nacionalista Bandeira.

A defesa enérgica da brasilidade não ficou restrita às artes e às páginas de jornal. Menotti também foi um homem público: foi o primeiro diretor do Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado de São Paulo; deputado estadual em duas legislaturas; membro da Constituinte do Estado; deputado federal pelo Estado de São Paulo em três legislaturas.

Homenagens

Ao longo de sua vida, Menotti Del Picchia recebeu importantes homenagens. Em 1943, tornou-se imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL); em 1960, ganhou o Prêmio Jabuti de Poesia; em 1982, foi proclamado o quarto Príncipe dos Poetas Brasileiros; em 1987, sua amada Itapira o presenteou com a Casa Menotti Del Picchia.

O autor de República dos Estados Unidos do Brasil faleceu em 23 de agosto de 1988, aos 96 anos, na cidade de São Paulo. Deixou sete filhos e incontáveis leitores e admiradores.

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