Oswald de Andrade

Oswald de Andrade era quase a definição de playboy do dicionário Houaiss: “indivíduo rico ou que ostenta riqueza, geralmente ocioso, frequentemente jovem e solteiro, e de vida social intensa”. Com uma diferença – estava sempre ocupado em escrever, criar polêmicas e expressar suas ideias pouco usuais.

Filho único de pais milionários e sobrinho de um grande escritor (Inglês de Souza), José Oswald de Sousa Andrade nasceu em 11 de janeiro de 1890 na cidade de São Paulo. Sempre estudou em boas escolas e logo cedo revelou sua inclinação para a escrita – com 19 anos, já trabalhava como jornalista. E, aos 21, fundou uma publicação semanal irreverente chamada “O Pirralho”.

Em 1912, fez uma longa viagem pela Europa, onde teve contato com o cenário artístico de lá. Voltou encantado com os movimentos de vanguarda do velho continente, trazendo a tiracolo a jovem francesa Henriette Denise Boufflers, a Kamiá, que viria a ser mãe de seu primeiro filho.

Sossegar nunca foi o forte de Oswald. No Brasil, enquanto seguia com o jornalismo literário, estudava Direito, Ciências e Letras, Filosofia; travava contato com intelectuais com quem se alinhava; lançava seu primeiro livro, com as peças que criara em parceria com o poeta Guilherme de Almeida (inteiramente escritas em francês!). E, para a decepção de Kamiá, se envolvia com outras mulheres (ela o deixaria em 1916).

Em 1917, Oswald conheceu dois jovens talentosos que, como ele, estavam dispostos a fazer arte como nunca se vira no Brasil até então: Mário de Andrade e Anita Malfatti. Esses três, mais Menotti del Picchia e Tarsila do Amaral, formariam o Grupo dos Cinco, responsáveis por dar o pontapé inicial do modernismo no Brasil.

Bela, transgressora e das tintas

Tarsila do Amaral foi uma paixão avassaladora na vida de Oswald. Eles se conheceram em Paris, em janeiro de 1922. Aliás, ela só não participou da Semana de Arte Moderna de 1922 porque houve um atraso no seu retorno ao Brasil. Assim que se reencontraram, tornaram-se unha e carne.

A ligação do casal não era apenas amorosa, mas artística e intelectual. Durante o período em que estiveram juntos – de 1922 a 1929 -, viveram fases brilhantes de suas carreiras. Tarsila pintou algumas de suas telas mais conhecidas – entre elas, o icônico O Abaporu. Já Oswald lançou dois movimentos culturais – o Pau Brasil, em 1924, e o Antropofágico, em 1928. E, entre um e outro, publicou quatro obras de poesia e prosa.

A crise de 1929

O mundo atravessava uma grave crise econômica em 1929. Em crise também estava a vida de Oswald. Estava endividado, rompera amizade com Mário de Andrade e o casamento com Tarsila, que ia de mal a pior, terminaria em dezembro daquele ano. Não era para menos – há um ano, ele se envolvera com a poeta e militante política Patrícia Galvão, a lendária Pagu.

Ao lado de Pagu, Oswald filiou-se ao Partido Comunista do Brasil (PCB), com o qual romperia em 1945 (mais tempo do que passou com a poeta – terminaram em 1934). Durante essa época, sua produção literária e jornalística refletiu seu posicionamento político.

Os últimos anos

Oswald ainda passaria por alguns relacionamentos amorosos até conhecer Maria Antonieta D’Alkmin, uma rica jovem paulistana, com quem se casou e viveu até o fim da vida. E se ele sossegou em sua vida sentimental, seguiu sendo o artista irreverente, inquieto, inconformado de sempre até a sua morte, em 22 de outubro de 1954.

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