Conversando com crianças e jovens sobre manifestações políticas

As ruas sempre foram espaço para as manifestações populares. Porém, no dia 8 de janeiro de 2023, a pretexto de se manifestar contra o governo eleito e recém-empossado, um grupo de pessoas invadiu, depredou e destruiu as sedes dos Três Poderes, em Brasília. Um ato violento que acabou provocando um prejuízo enorme para todos nós.

As notícias sobre esses eventos, amplamente divulgadas pela TV e pelas redes sociais, impactaram crianças e adolescentes, gerando dúvidas e insegurança. Como começar um diálogo com a meninada que ajude a entender o que aconteceu e o que fazer quando se quer, de fato, lutar politicamente por alguma ideia? Trazemos aqui algumas sugestões. 

O que é manifestação

Para começar, pergunte o que entendem da palavra manifestação. Depois de ouvi-los, apresente o significado da palavra e o seu uso num contexto democrático. 

Segundo o dicionário Michaellis, manifestação é ato de manifestar ou de manifestar-se; é também grupo de pessoas que se reúnem em local público para defender seus direitos, opiniões etc. Num país democrático, quando as pessoas se reúnem para expressar suas ideias e lutar por seus direitos, isso também é manifestação. Em algumas situações, elas chegam a ter o poder de mudar relações de poder, de fazer cair um líder, de aprovar uma legislação, entre outras coisas. 

No Brasil, nos últimos anos, diante dos constantes casos de corrupção e de má gestão da coisa pública, da intensificação da polarização política, tem sido mais frequente a mobilização da sociedade para demonstrar descontentamento. 

Manifestações no Brasil

As crianças e jovens talvez não saibam, mas as ruas do Brasil já foram palco de grandes manifestações políticas. 

É o caso das “Diretas Já”, um dos maiores movimentos populares da História do Brasil que teve enorme importância na redemocratização do País. 

Outro momento marcante na história da participação popular foi o movimento dos Caras Pintadas, em 1992. Em nome da ética e do patriotismo, estudantes de todo o Brasil pintaram o rosto de verde-amarelo, vestiram-se de preto e tomaram as ruas para exigir o impeachment (retirada do governo) do presidente Fernando Collor de Mello.

Relembre com os mais jovens essas manifestações e outras que eles conhecerem. Depois ajude-os a compará-las com os atos de 8 de janeiro de 2023. Eles percebem alguma diferença? 

Destaque que há uma grande diferença entre manifestação política e ato de vandalismo. O que se ganha ao quebrar o patrimônio público? Destruir obras de arte é necessário para veicular algum discurso político? 

Se quiser aprofundar o tema, vale a pena ler e discutir as notícias a seguir: 

Por que esses atos são antidemocráticos?

Porque a democracia pressupõe respeito ao que foi decidido coletivamente, divergências de pontos de vista e negociações pacíficas. Violência, quebradeira e desrespeito estão na contramão destes valores. 

Na democracia, o direito à manifestação política é garantido por lei

Em seu artigo 5º, a Constituição Federal de 1988 assegura: 

  • Liberdade de Expressão

IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

  • Liberdade de Reunião

XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

  • Liberdade de Associação

XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

Prejuízos ao patrimônio

Além do prejuízo à democracia, os atos de 8 de janeiro de 2023 trouxeram enormes danos ao patrimônio público. Isso quer dizer que os bens vandalizados são de todos nós, e que seremos nós que pagaremos pelo que se destruiu. 

Se quiser conversar sobre patrimônio/bem público, temos uma cartilha que explica a importância de preservá-lo.

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