Viva Glória Maria!

Glória, segundo o Dicionário Houaiss, quer dizer “pessoa ou obra famosa; motivo de orgulho, de exaltação”. E se este nome for seguido de “Maria”, também quer dizer representatividade, coragem e inspiração.

Por cinco décadas, a jornalista Glória Maria fez parte da vida de quem a acompanhava pela televisão. Ela fez o Brasil sonhar com artistas famosos, paisagens exóticas e aventuras de tirar o fôlego. Mas, principalmente, fez com que meninas e meninos negros se vissem representados, em posição de destaque, na principal emissora de TV do País.

Glória Maria Matta da Silva era carioca de Vila Isabel, bairro tradicional de sambistas da cidade do Rio de Janeiro. Nasceu em 15 de agosto de 1949, filha de um alfaiate e de uma dona de casa. Sempre estudou em colégios públicos e era excelente aluna! Curiosa e comunicativa, ela vencia todos os concursos de redação de que participava.

Cursou Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio. Chegou a conciliar os estudos com o emprego de telefonista, mas logo conseguiu um estágio na TV Globo. Sua estreia como repórter na frente das câmeras foi em 1971, cobrindo o desabamento de um viaduto sobre uma importante avenida carioca.

Pioneirismo foi uma de suas marcas. Ela foi a primeira repórter a entrar no ar, ao vivo e em cores, na televisão brasileira, em 1977. Também foi a primeira brasileira a fazer cobertura jornalística de uma guerra no local do conflito – a Guerra das Malvinas, em 1982. Quando as TVs de alta definição chegaram ao País, em 2007, quem apresentou a primeira reportagem em HD? Ela, também.

Foi Glória quem inaugurou um novo estilo de reportagem no País – a matéria participativa, em que o jornalista não é mero observador, mas alguém que vivencia os acontecimentos e faz o seu relato em primeira pessoa. A primeira vez que isso aconteceu foi em 1984, enquanto fazia um voo duplo de asa-delta.

A lista de façanhas só não é inacreditável porque o Brasil inteiro a viu fazer, pela TV: ela escalou o Pão de Açúcar, subiu o Himalaia, fez bungee jump, voou de balão, testou a gravidade zero na Nasa. Visitou mais de 160 países, entrevistou chefes de estado e dezenas de super celebridades, entre estrelas de Hollywood e ídolos da música. Cobriu de Jogos Olímpicos e Copa do Mundo até desfiles de escolas de samba.

Também sofreu racismo ao longo de sua carreira – em 1980, foi impedida de subir em um hotel no Rio de Janeiro, por ser negra. Não fez por menos: além de registrar queixa na delegacia, com base na Lei Afonso Arinos (Lei 1390/51), noticiou o fato no telejornal. Sobre o ocorrido, comentou, muitos anos mais tarde, em entrevista à TV Globo: “Eu sabia que aquilo não podia acontecer, eu não podia ser discriminada, ser humilhada por causa da cor da minha pele”.

Glória nunca se deixou intimidar ou limitar. Nunca deixou que dissessem o que ela podia ou não fazer. Ela morreu de câncer em 2 de fevereiro de 2023, deixando duas filhas adolescentes, Maria e Laura, e um legado inestimável para a população negra do Brasil: a certeza que podem, merecem e devem brilhar.

Prêmio Glória Maria de Jornalismo

Em outubro de 2023, a Câmara dos Deputados instituiu o Prêmio Glória Maria de Jornalismo. A medalha será concedida anualmente a um/uma profissional do jornalismo brasileiro cujos trabalhos ou ações mereçam especial destaque.

 

A entrega do prêmio será realizada em sessão solene da Câmara dos Deputados, sempre na segunda quinzena do mês de agosto.

Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura "plenarinho.leg.br - Câmara dos Deputados" e não seja para fins político-partidários

2 Comentário(s)

  • by Corina postado 17/02/2023 18:17

    Glória Maria foi realmente uma mulher brasileira inspiradora! Que sua vida seja um exemplo para muitas meninas !

    • by Turma do Plenarinho postado 17/02/2023 18:20

      Com certeza, Corina! Abraços da Turma!

Comente!

Deixe uma resposta para Turma do Plenarinho Cancelar resposta

Seu endereço de email não vai ser publicado. Campos marcados com * são exigidos