O uso de cigarros eletrônicos, também conhecidos como vapes, e-cigarros, pods ou vaporizadores, tem se tornado cada vez mais comum entre jovens. Apesar de proibidos no Brasil, estima-se que os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs) sejam usados por 1 milhão de pessoas no país.
Dados da última Pesquisa Nacional de Saúde (2019) indicam que 70% dos usuários têm entre 15 e 24 anos. O tema preocupa mães, pais e educadores/as e precisa ser abordado também em sala de aula, por envolver questões de saúde, consumo e comportamento. Trazemos aqui algumas informações e sugestões que podem ajudar nessa conversa.
O que são cigarros eletrônicos?
Os cigarros eletrônicos são dispositivos que funcionam através do aquecimento de uma solução líquida, gerando um vapor que é inalado. Esse líquido geralmente contém nicotina, aromatizantes e outras substâncias químicas. A nicotina é a mesma substância viciante encontrada nos cigarros tradicionais.
A venda desses dispositivos é proibida no Brasil, mas o uso não é proibido. A indústria do tabaco trabalha para que a proibição seja revista e também tenta mobilizar a opinião pública com propagandas que sugerem que os cigarros eletrônicos são menos prejudiciais à saúde e uma boa alternativa ao fumo convencional.
Por que tem tanto jovem usando?
Muitos fatores contribuem para a popularidade dos cigarros eletrônicos entre os jovens, incluindo:
– Curiosidade e influência: muitos adolescentes experimentam por curiosidade, por pressão dos amigos ou por influência de personalidades que admiram (modismo);
– Aromas atraentes: os líquidos usados nos cigarros eletrônicos vêm em diversos sabores, como frutas, doces e bebidas, o que os torna mais atraentes para os jovens;
– Design chamativo: coloridos e com diferentes formatos, eles acabam virando um acessório muito apelativo para esse público – há sempre uma nova cor e um novo sabor para experimentar;
– Percepção de menor risco: existe uma falsa ideia de que os cigarros eletrônicos são menos prejudiciais que os cigarros convencionais;
– Marketing direcionado: algumas marcas utilizam estratégias de marketing voltadas especificamente para o público jovem.
Riscos à saúde
Muitas pessoas acreditam que os cigarros eletrônicos são uma alternativa segura aos cigarros tradicionais, mas não é bem assim:
– As substâncias liberadas na vaporização aumentam o risco de doenças cardiovasculares e pulmonares, além de estarem relacionadas a processos inflamatórios;
– A exposição à nicotina durante a adolescência pode causar dependência e afetar o desenvolvimento cerebral;
– Os dispositivos eletrônicos liberam substâncias potencialmente cancerígenas, têm metais pesados em sua composição e potencial explosivo;
– Recentemente, a literatura médica começou a descrever uma doença respiratória aguda caracterizada por uma série de sinais e sintomas relacionados ao uso de cigarros eletrônicos, a EVALI (do inglês E-cigarette or Vaping use-Associated Lung Injury). Há relatos desde sintomas leves, até pneumonias e complicações inflamatórias graves.
Como abordar o tema em sala de aula?
Informação de qualidade é sempre o melhor ponto de partida para debater e refletir, especialmente sobre temas que mobilizam os jovens. Sugerimos, então, algumas atividades para você desenvolver com sua turma:
- Roda de conversa – comece a abordagem incentivando os/as jovens a expressarem suas opiniões sobre o uso dos dispositivos. Estimule a escuta ativa por parte da turma, deixando as ponderações para uma segunda etapa. Se a turma não se sentir à vontade para falar, estimule que escrevam;
- Coleta de dados – proponha que os/as estudantes pesquisem sobre os efeitos do uso dos DEFs. Aproveite para explicar a importância da qualidade da informação levantada, orientando a busca em bases científicas/oficiais. Sugira que incluam exemplos de “celebridades” que tiveram problemas com o uso de vaporizadores, como a cantora Doja Cat, o cantor Zé Neto e a atriz Hana Khalil; Proponha que pesquisem as campanhas #CancelaoVape e #SemNicotina, que viralizaram nas redes sociais;
- Debate – promova uma conversa sobre os riscos dos cigarros eletrônicos e a influência que os jovens sofrem dos amigos e de celebridades. Aborde também as estratégias de convencimento por parte da indústria. Aproveite para retomar as ideias surgidas na primeira roda de conversa e comparar com as opiniões após a pesquisa;
- Questão ambiental – não se esqueça de inserir no debate o impacto que os vapes, feitos de plástico e componentes eletrônicos, têm sobre o meio ambiente.
Ao debater o uso de cigarros eletrônicos em sala de aula, você ajuda seus alunos e alunas a desenvolver uma compreensão crítica sobre o tema, a tomar decisões baseadas em informações fundamentadas e a disseminar os dados levantados, contribuindo para a construção de uma sociedade mais consciente e saudável.
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2 Comentário(s)
Parabéns pela iniciativa , muito bom esse material.
Opa, que bom que você gostou, Adimai! Ficamos felizes em saber! Abraços da Turma!
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