Alimentos ultraprocessados – credo, que delícia

Um refri geladinho, um pacote de salgadinho do seu sabor preferido, o biscoito recheado, o picolé com gostinho de chiclete. O que esses alimentos têm em comum?

Você pode até ter pensado: são deliciosos. Mas, mais do que isso, são ultraprocessados. E estão longe de serem a melhor pedida para a sua saúde.

Vamos saber mais sobre esse assunto?

O que são alimentos ultraprocessados?

Quase tudo que comemos passa por algum grau de processamento. Quer ver um exemplo?

O milho verde que a gente come na festa junina é o milho do jeitinho que veio do campo, só descascado e cozido – ele é um alimento minimamente processado.

Se o milho for prensado em uma indústria, ele pode virar óleo (de milho, claro). Ele então passa a ser um ingrediente culinário processado.

Se o milho é cozido, conservado em água e sal e enlatado, ele passa a ser um alimento processado.

Mas e quando o milho vira salgadinho de pacote? Ele passa por um montão de processos e recebe muitos aditivos industriais para virar um produto mais colorido, com textura melhor, com cheiro e sabor mais atraentes, para custar menos e durar mais na prateleira. Do milho, mesmo, pouco sobra – ele deixa de ser alimento para se tornar formulação comestível.

Veja mais sobre a classificação dos alimentos segundo o processamento aqui!

Mas qual o problema de ter aditivos?

Os aditivos químicos usados nos alimentos ultraprocessados podem fazer muito mal a quem tem sensibilidade ou alergia. Isso é óbvio. Mas, mesmo para quem não tem, o consumo não faz bem – por serem substâncias artificiais, com as quais o corpo não está habituado, elas não são bem metabolizadas.

E sabe um prejuízo que a gente nem imagina? É a hiperpalatabilidade. A palavra é esquisita, mas calma, que a gente explica: os ultraprocessados têm sabor e cheiro muito mais intensos do que a comidinha do dia a dia (graças a quantidades astronômicas de sal, açúcar, gordura e aromatizante). Isso os torna bem mais atraentes – e, por outro lado, faz com que os alimentos menos processados pareçam sem gosto.

Mas eu li no rótulo do suco de caixinha que ele tem vitaminas!

Vários alimentos ultraprocessados podem ter adição de vitaminas e sais minerais ou de grãos integrais para, assim, parecerem mais benéficos à nossa saúde. Ou podem ter açúcar reduzido, compensado pelo uso de adoçantes artificiais. Mas isso não quer dizer que sejam a opção alimentar mais saudável.

Muito melhor do que beber um suco de caixinha com vitaminas é beber suco feito na hora, com a fruta. Ou, melhor ainda, comer a fruta.

Quando o ultraprocessado entra, a saúde sai

Uma alimentação baseada em ultraprocessados faz um mal danado à saúde. E isso não é conversa de vovó, não – existem centenas de pesquisas científicas sólidas que alertam que o consumo regular desses alimentos pode causar inúmeros danos. Dá uma olhada!

  • Sobrepeso/obesidade: por concentrarem grandes quantidades de gordura e açúcar em pequenas porções, os ultraprocessados são muito calóricos. Uma alimentação baseada neles nutre menos e engorda para valer.
  • Doenças vasculares e fatores de risco: quem come grandes quantidades de gordura e açúcar tem risco aumentado de doenças circulatórias, hipertensivas e de coração. E, sim, isso atinge crianças, também.
  • Saúde cognitiva e mental: o consumo regular de ultraprocessados está associado a aumento de risco de demência, doença de Alzheimer e depressão.
  • Câncer: uma alimentação rica em ultraprocessados aumenta a chance de desenvolver diversos tipos de câncer – de ovário, de mama, de pâncreas, de intestino…
  • Outras doenças: diabetes tipo 2, cáries, declínio das funções renal e hepática, fragilidade óssea, risco aumentado de desenvolver doenças inflamatórias do intestino, como a Doença de Crohn.

Para quem quiser aprofundar os conhecimentos sobre o assunto, vale a pena ler a ficha informativa “Alimentos ultraprocessados – uma ameaça global à saúde pública”, disponibilizada pela ACT.

Até o meio ambiente sofre…

Pode olhar por aí – a maioria dos ultraprocessados vem em embalagens plásticas. E são elas que vão entupir bueiros e tubulações, poluir praias e demorar 400 anos para se decompor. Exagero? Uma pesquisa de 2016 feita em praias brasileiras identificou que o plástico era a fonte mais abundante de poluição. Pior: que as embalagens de alimento representavam 90% do total de plásticos.

Mas os problemas chegam até o campo. Os alimentos ultraprocessados utilizam pouca variedade de ingredientes naturais. Com isso, os produtores rurais acabam optando por monoculturas, deixando de lado os vegetais que faziam parte da alimentação tradicional brasileira. Sem demanda, espécies vegetais que comíamos no passado deixam de existir.

E piora: para atender às necessidades das indústrias, os agricultores precisam produzir de forma intensiva. Com isso, aumentam o desmatamento, a degradação do solo e o uso excessivo de água.

O problema também chega à atmosfera, viu? A cadeia de produção, transporte e produção de alimentos ultraprocessados contribui significativamente para as emissões de gases de efeito estufa. Os rebanhos bovinos, por exemplo, são grandes fontes de gás metano, e a industrialização dos alimentos aumenta a pegada de carbono.

Que problemão! o que eu posso fazer?

Faça escolhas melhores ao se alimentar, dando preferência a frutas e vegetais frescos e preparações caseiras, menos industrializadas. “Ah, mas é tão gostoso, não quero parar de comer!” Deixe os ultraprocessados para um lanche especial no fim de semana. O importante é que eles sejam exceção, e não regra.

Aproveite e chame a família para fazer parte dessa mudança! Discutam juntos o que podem fazer para adicionar mais saúde em sua alimentação. Que tal se aventurar entre as panelas e aprender a cozinhar? Além de ser divertido, dá autonomia para fazer escolhas melhores ao se alimentar.

A escola também deve fazer parte desse movimento! Cobre da direção para que sejam oferecidas preparações menos industrializadas na cantina. Se a escola for pública, leve esse pedido para a secretaria de educação do seu município.

Esse conteúdo foi desenvolvido pelo Plenarinho em parceria com a ACT Promoção da Saúde, organização não-governamental que atua na promoção e defesa de políticas de saúde pública, em especial o controle do tabagismo, do álcool e o estímulo à alimentação saudável e à atividade física.

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