A “Baianinha” Urânia Vanério

Conta-se que Urânia Vanério, uma garota de 10 anos, assistiu da janela de casa ao assassinato de Madre Joana Angélica diante dos portões do Convento da Lapa, no centro de Salvador. A religiosa foi executada a golpes de baioneta por soldados do exército português.

A menina, que desde cedo fora estimulada a pensar e debater temas políticos e sociais de sua época, ficou tão indignada que resolveu colocar em palavras a sua revolta. De suas mãos, nasceu o panfleto pró-independência “Lamentos de uma baiana”, que denunciava as atrocidades cometidas pelas tropas de Portugal.

Embora a autoria daquele panfleto tenha permanecido desconhecida por muitos anos, a força de suas palavras serviu de combustível a quem lutava por um Brasil independente.

Vida breve

Urânia Vanério nasceu em 14 de dezembro de 1811 na cidade de Salvador/BA. Era filha de um casal de educadores que sempre a incentivaram a estudar e se informar.

Urânia parece muito precoce para os dias de hoje. Ela de fato era muito inteligente e articulada. Mas, naqueles tempos, as meninas de dez anos já eram consideradas moças, estando prontas para casar aos treze.

Aos 15 anos, Urânia já era uma mulher casada, além de professora e tradutora – dominava o francês, o inglês e o italiano. Por sinal, ela foi a primeira mulher tradutora do Brasil, com a publicação da obra “Triumpho do Patriotismo, Novela Americana”, originalmente escrita pelo autor francês M. de Florian.

Urânia morreu jovem, aos 37 anos, devido a uma infecção pós-parto (ela teve 13 filhos!).

Finalmente reconhecida

Foi só no século XXI que se descobriu quem era a tal “Baianinha” autora do panfleto  “Lamentos de uma baiana”. Foi o trabalho incansável da historiadora Patrícia Valim que trouxe à luz a história dessa menina que, tão nova, inspirou o Brasil a lutar por sua liberdade.

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