A arte da literatura de cordel

O cordel é um folheto onde estão escritas histórias narradas em forma de poesia – são eventos importantes, pessoas conhecidas, historinhas de amor, fantasia, dramas, aventuras e tudo o mais que vier à cabeça do artista.

Esse tipo de literatura, na verdade, tem origem na Europa, e começou a fazer muito sucesso aqui no Brasil entre as décadas de 50 e 60. O nome cordel surgiu porque os folhetinhos ficavam expostos numa corda para as pessoas comprarem. Hoje em dia, é possível encontrar essa arte em mercados municipais, feiras ou sebos (lojas de livros usados).

Xilogravura

Uma outra característica importante é o que os folhetinhos de cordel vêm ilustrados por desenhos feitos de xilogravura. Xilo-o-quê? Calma, a gente explica. Sabe um carimbo que você coloca tinta e fica a figurinha no papel? Pois é o mesmo processo. Os gravuristas (quem faz xilogravura) fazem o molde em madeira ou borracha e passam tinta para depois ilustrar os cordéis.

De um modo geral, as publicações têm 8 páginas mas podem ter até mais, de 8 e 32. As páginas medem em torno de 11x16cm. Uma outra coisa muito legal é que elas costumam ser comercializados pelos próprios autores.

A greve dos bichos

Quer conhecer uma história de cordel? Aí abaixo tem parte de um cordel escrito por Zé Vicente. Nessa história, chamada de A greve dos bichos, os animais podem falar e são mais inteligentes que os homens. Até uma greve eles inventam!

“Ia tudo muito bem
Ganhando alegre o seu pão
Mas, uma vez o quati
Se alvorando a sabichão
Falou a necessidade
De fazer revolução

Pedindo logo a palavra
Foi, de fato, extraordinário
Quando afirmou que o trabalho
Precisava de outro horário
E lembrou de se aumentar
Da bicharada o salário

O burro, então, bateu palma
Gritando, muito emproado:
“Muito bem, isto é verdade
Eu já vivo maltratado
De trabalhar para os outros
Como um pobre condenado”

O cavalo relinchando
Seu sofrimento descreve
E pede que o movimento
Seja mesmo para breve
Que em todo o reino se faça
Estalar medonha greve

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