Antonieta de Barros

Antonieta de Barros é daquelas pessoas que todo brasileiro e brasileira deveriam conhecer. Ela está entre as três primeiras mulheres eleitas no Brasil, e é a única negra entre elas.

Filha de uma escrava liberta e órfã de pai, Antonieta nasceu em Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis) em 11 de julho de 1901. A mãe, lavadeira, também tocava uma pequena pensão para estudantes. Foi ali, com os jovens hóspedes, que a menina aprendeu a ler.

Aos 17 anos, Antonieta começou o magistério, um dos poucos cursos que aceitavam mulheres à época. Aos 20 anos, ela se formou professora de Português e Literatura, e aos 21, fundou o Curso Particular Antonieta de Barros, voltado à alfabetização de adultos carentes.

Antonieta tinha ideias muito à frente de seu tempo. Naquela época ela já defendia a bandeira da educação para todos. Para ela, alfabetizar era importantíssimo, mas não suficiente: era preciso dar à população pobre as condições para prosseguir nos estudos. Só assim seria possível a construção de uma sociedade mais justa e menos desigual.

Tinha tanto a dizer que acabou se tornando cronista dos principais jornais catarinenses, assinando seus artigos com o pseudônimo Maria da Ilha. Escreveu mais de mil artigos em oito veículos e criou a revista Vida Ilhoa.

Tudo isso já seria impressionante para uma mulher, naquela época, e ainda por cima negra. Mas o movimento mais ousado de Antonieta de Barros ocorreria em 1934, dois anos depois da aprovação do voto feminino: ela se candidatou ao cargo de deputada estadual pelo Partido Liberal Catarinense e foi eleita!

Nas tribunas, a valente Antonieta fez valer a sua voz. Ela chegou a escrever dois capítulos da Constituição catarinense, referentes à Educação e Cultura e Funcionalismo, até ser destituída do cargo pelo golpe de Getúlio Vargas. Mas isso não a desanimou – em 1947, dois anos depois de Getúlio deixar o poder, ela voltou a ser eleita deputada estadual.

Em 1948, um projeto de lei de sua autoria formalizou o dia 15 de outubro como Dia do Professor e feriado escolar em Santa Catarina. A data seria oficializada no país inteiro em outubro de 1963, pelo presidente da República João Goulart.

Antonieta de Barros faleceu em 28 de março de 1952, mas seu sonho de um Brasil mais igualitário, com educação e trabalho para todos, segue mais vivo do que nunca.

Curiosidades

  • Catarina, mãe de Antonieta, trabalhou na casa de Vidal Ramos, um importante político catarinense. Os Ramos gostavam muito de Catarina e facilitaram a entrada de Antonieta na política.
  • O filho de Vidal, Nereu Ramos, foi um importante deputado federal. Ele dá nome a um dos auditórios da Câmara dos Deputados, em Brasília.

Com informações do portal Geledés, de El País – Brasil e do site Literafro.

Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura "plenarinho.leg.br - Câmara dos Deputados" e não seja para fins político-partidários

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