Redação do Lucas Gondim de Sá

José Bonifácio: o construtor do Brasil

Nisi utile est quod facimus, stulta est gloria. Em português: ‘‘Se não é útil o que fazemos, a glória é vã’’. Essa era a divisa de José Bonifácio, o que significa que ele interessava-se por estudos que resultassem em alguma aplicação prática; assim, coloca a ciência à serviço do aperfeiçoamento humano, sendo ela um instrumento capaz de transformar a sociedade. De forma análoga, a utilidade que José Bonifácio teve foi ímpar, não somente na área da ciência, como também na formação do Brasil.

Em conformidade com seu lema, José Bonifácio possuiu uma ampla e prestigiada área de formação. Formou-se em Filosofia Natural e Direito Civil na Universidade de Coimbra; também estudou química e mineralogia na Escola Real de Minas, em Paris. Além disso, foi membro de renomadas academias de ciências do planeta, a exemplo da Academia de Ciências de Lisboa. Ainda realizou uma expedição de estudos científicos a fim de adquirir conhecimentos de mineralogia, filosofia e história natural. De fato, é notório o desejo que José Bonifácio teve em buscar maneiras de adquirir conhecimento.

A prática desse desejo resultou em conquistas notáveis, como a descoberta de diversos minerais, incluindo a andradita, batizada em sua homenagem. Foi o único brasileiro envolvido na descoberta de um elemento químico; José Bonifácio descobriu o lítio. Por conseguinte, era um cientista de reconhecimento internacional, raridade no século XVIII, com vários artigos publicados nos principais jornais acadêmicos da Europa. Para ele, sua condição de cientista o capacitava a encontrar alternativas racionais para os problemas enfrentados pelo Estado.

Contudo, sua inteligência não se limitou à atuação científica, exercendo também papel determinante na construção da nação brasileira. Assim reconhece o célebre escritor brasileiro, Machado de Assis, em seu poema “José Bonifácio”: “ Vivo irás tu, egrégio e Nobre Andrada!/ Tu, cujo nome, entre os que à patria deram/ O batismo da amada independência,/ Perpetuamente fulge”. Ao retornar ao Brasil, em 1819, Bonifácio torna-se a pessoa de confiança de D.Pedro I, que, diante da ameaça de Portugal em impor ao Brasil o retorno à condição de colônia, mobiliza os líderes brasileiros para a independência. Entretanto, após a Independência brasileira, os desafios para José Bonifácio em prol da formação do país ainda não haviam se esgotado.

O “Patriarca da Independência” prezava pela unidade nacional e empenhou-se para mantê-la. Temia que o Brasil fosse fragmentado em pequenas “republiquetas”, assemelhando-se às colônias hispano-americanas, que se fragmentaram ao alcançarem suas independências, entrando em sangrentas lutas que retardaram o processo de pacificação. Graças ao esforço de Bonifácio, o Brasil não passou por essa temida desconfiguração, mas sim teve êxito em seu processo de independência, contra os movimentos separatistas que ameaçavam a unidade nacional.

Entretanto, é oportuno esclarecer que o compromisso de José Bonifácio não era com a Coroa brasileira, mas sim com o princípio da liberdade. Defendeu arduamente a abolição da escravatura, os direitos individuais e o constitucionalismo. Quando dissolvida a Assembleia Constituinte de 1823, José Bonifácio opôs-se aos desmandos de Dom Pedro I e rompeu com o Imperador. Como punição, foi exilado na França. Anos mais tarde, Dom Pedro I reconheceria seu equívoco e o indicaria para ser o tutor de seu próprio filho, Dom Pedro II. Tendo relação ou não, o Segundo Reinado, período governado pelo aprendiz de Bonifácio, D. Pedro II, é lembrado como um dos períodos de maior progresso cultural e significância da história do Brasil.

Portanto, é inegável a expressiva contribuição de José Bonifácio de Andrada à formação do Brasil. Certamente, parafraseando o lema de José Bonifácio: ” Manifestus est gloria”, ou seja, a glória é manifesta; já que tão útil foi o papel do “Pai da Pátria” para a história do nosso país. A importância dos nossos protagonistas precisa ser rememorada; e entre eles está José Bonifácio, o construtor do Brasil.

Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura "plenarinho.leg.br - Câmara dos Deputados" e não seja para fins político-partidários

Comente!

Seu endereço de email não vai ser publicado. Campos marcados com * são exigidos