Guimarães Rosa, o aventureiro da literatura

Na ilustração, o fundo em tons de amarelo, mostra no centro um homem de óculos de armação preta, terno marrom e gravata borboleta vermelha com as mãos levantadas dobre um grande caldeirão preto. No caldeirão, tem um líquido verde e várias letras espalhadas. Dele, sai uma fumaça cinza e as palavras ENXADACHIN e TAUROPHTONGO.

Nosso homenageado nasceu no dia 27 de junho, no interior de Minas Gerais, em uma cidadezinha chamada Cordisburgo. Quando criança, gostava de ficar trancado no quarto imaginando personagens para suas histórias. Porém, mais velho, resolveu trilhar outro caminho: entrou para a faculdade de medicina.

Formou-se em 1930 e foi morar na pequena cidade de Itaguara, no interior de Minas Gerais. Único médico da região, ficou conhecido por não medir esforços para atender a todos. Ia no lombo do seu cavalo à casa de cada paciente. Nessas caminhadas, fazia anotações sobre expressões características da região, que se tornariam muito importantes para seus livros.

O homem das mil línguas

Guimarães Rosa adorava estudar outras línguas. Tinha conhecimento profundo de húngaro, russo e chinês. Além disso, falava alemão, inglês, francês, romeno e italiano, entre outras línguas.

Impressionado com a facilidade que Guimarães tinha de aprender novas línguas, um amigo o incentivou a fazer a prova do Itamaraty para se tornar diplomata. Não deu outra: ele fez a prova e foi aprovado!

Com a nova profissão, Guimarães rodou o mundo. E nunca abandonou seu caderninho de anotações, no qual registrava tudo o que via. Porém, o novo ofício colocou o escritor em uma situação nada confortável: ser o representante brasileiro na Alemanha, que na época estava em guerra.

Foi lá que aconteceu um fato que mudaria a sua vida. Durante uma noite, acordou com vontade de comprar cigarros. Saiu e, quando voltou, sua casa não estava mais lá! Havia sido destruída por uma bomba! A partir de então, Guimarães se tornou um homem muito supersticioso. Isso influenciou muito a sua forma de escrever.

O primeiro livro

Em 1946, aos 38 anos de idade, Guimarães finalmente escreveu seu primeiro livro, chamado Sagarana. Seu estilo de escrever era uma imensa mistura das experiências que viveu no interior do Brasil e pelo mundo afora. Dez anos depois, em 1956, nosso autor publicou Grande Sertão: Veredas, um dos livros de maior importância da literatura brasileira.

Feiticeiro das palavras

O grande conhecimento que Guimarães tinha de várias línguas fez com que ele resolvesse criar algumas palavras. Por exemplo, “taurophtongo” foi a palavra que ele inventou para descrever o mugido do touro. É uma mistura dos termos gregos “tauros” (que quer dizer touro) e “phtoggos” (que significa som da fala).

Essa foi apenas uma das várias expressões inventadas pelo feiticeiro das palavras. Há ainda “enxadachin”, mistura de enxada com espadachim. Guimarães criou o termo para descrever os trabalhadores do campo que lutavam para sustentar suas famílias. Ele criou ainda diversos outros termos – os quais só uma pessoa que viajou muito e sempre se dedicou a conhecer as pessoas a fundo, como ele fez, poderia ter criado.

Guimarães foi médico, diplomata e escritor. Mas acima de tudo foi um grande aventureiro da literatura brasileira. Suas aventuras estão nas páginas dos seus livros, como ele mesmo diz: – “As aventuras não têm começo nem fim. E meus livros são aventuras; para mim são minha maior aventura”.

Guimarães morreu em 1967, três dias depois de tomar posse na Academia Brasileira de Letras. Aliás, morreu, não! Como ele dizia: as pessoas não morrem, ficam encantadas.

Com informações da TV Cultura, da Veja Online e do Terra.

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