Democracia em sala de aula

Falar de política não é uma tarefa fácil. Tratar do tema com crianças e adolescentes é um desafio ainda maior. Aqui, no Plenarinho, a gente busca formas acessíveis e lúdicas para apresentar informações sobre o processo legislativo, organização do Estado, democracia e outras questões relacionadas à cidadania. O Câmara Mirim é uma das nossas ações principais nesta missão e nossos educadores parceiros explicam o porquê.

O professor Andreilson de Castro, do Colégio Sagrado Coração de Maria (Mossoró/RN), conheceu por acaso a iniciativa. Ele enfrentava resistência dos alunos do 8º e 9º anos do Ensino Fundamental para tratar de política em suas aulas e mostrar como ela está presente no cotidiano de todos. Foi assim que descobriu o nosso portal e as propostas pedagógicas disponíveis para os educadores.

No Claretiano Colégio de Rio Claro (SP), os estudantes ficaram desconfiados ao ouvir o convite de participar do programa, “já que a conotação da palavra política na maioria das vezes é negativa para eles”, lembra a professora Marília Navarqui. Mas a experiência levou a uma ressignificação do conceito. “Desde o momento que mergulharam nas discussões da comissão, ficaram deslumbrados com os trâmites. E mais: sentiram que suas vozes importam e podem ser instrumento de melhoria na vida do outro e na própria; no bairro, na cidade, no país”, conta.

Questionar o estereótipo da política também foi necessário entre os vereadores mirins de Joinville (SC), lembra a educadora Luana Santos. “Desconstruindo essa imagem estereotipada, a gente consegue sensibilizar o cidadão a participar das decisões políticas, se informar, a estar também construindo a nossa democracia, fortalecendo esses espaços institucionais democráticos legítimos de participação, onde o debate é feito respeitando as diversas opiniões”, explica.

Diálogo e protagonismo

Para Andreilson de Castro, participar do Câmara Mirim fortaleceu as práticas democráticas em sala de aula. “A educação para a democracia é fundamental. É um pilar importante da educação transformadora, consciente e enriquecedora”, considera. A professora Juliana Cristina Aquino Brum, da Escola Cidadã de Ibirité (MG) também destaca a importância de dar protagonismo aos estudantes. “Para o professor que se dispõe, a educação para a democracia é um caminho sem volta. Ela proporciona aos alunos a possibilidade de se verem como cidadãos essenciais em sua comunidade, questionando e agindo para melhoria da realidade da cidade e do país”, avalia.

Marília Navarqui complementa: “O educador precisa dialogar respeitosamente, ouvir e dar voz aos estudantes em uma construção coletiva. Muito mais do que conceitos teóricos, educar para a democracia é, antes de tudo, ser educação para a democracia. É assim que meninos e meninas, todos dias, vão descobrindo que o país não está pronto, mas que pode ser melhorado e ajustado. E que eles têm a via do diálogo para realizar as intervenções necessárias na sociedade”, observa.

Educação para a democracia

Os educadores que participaram do Câmara Mirim são unânimes em destacar a importância de levar o debate sobre democracia e política para as escolas. “Nunca foi tão importante educar para a democracia. Vivemos uma época de negacionismo da ciência, da realidade, da importância da educação por parte de muitos agentes políticos. A melhor forma de combater o obscurantismo é esclarecer os jovens. Considero a educação política fundamental para consolidar a democracia e aperfeiçoar a nossa sociedade”, diz o professor de História, Sociologia e Filosofia do Claretiano Colégio, de Rio Claro (SP), Conrado Ferranti Bichara.

Joel Luís Corrêa, da Câmara Mirim de Jaraguá (SC), encerra lembrando a frase do educador Paulo Freire: Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo. “Se pudermos plantar nestes jovens uma sementinha da importância que a democracia tem para a nossa vida, certamente transformaremos o mundo. Educação para a democracia é sinônimo de não ao preconceito, não ao racismo, à homofobia, xenofobia e tantas outras formas de machucar as pessoas e que não combinam em nada com democracia”, finaliza.

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