Carolina Maria de Jesus

Ilustração com fundo em tons de laranja e amarelo. No centro da imagem há uma mulher dos ombros para cima. Ela é negra, usa um tecido branco amarrado na cabeça, vestido bege e sorri.

Carolina Maria de Jesus nasceu em Sacramento, no interior de Minas Gerais, em 14 de março de 1914. Neta de escravos e filha de uma lavadeira analfabeta, cresceu em uma família muito pobre, com mais sete irmãos.

Por incentivo de uma freguesa de sua mãe, teve a chance de frequentar a escola por dois anos. Foi pouco tempo, mas o suficiente para que ela se apaixonasse pelas letras de forma definitiva. Veio daí o seu hábito de ler tudo o que caísse em suas mãos, e de registrar sua vida, pensamentos e percepções por escrito.

Aos 23 anos, Carolina mudou-se para a capital paulista. Durante algum tempo, trabalhou como doméstica. Depois passou a ser catadora de material reciclável.

Em 1941, Carolina experimentou pela primeira vez o prazer de ver seus textos publicados. Ela enviou a um jornal um poema em homenagem a Getúlio Vargas e conseguiu vê-lo impresso, junto com sua foto. Mandou outro, e mais outro, e logo ficou conhecida como “a poetisa negra”.

Apesar disso, ela não tinha uma vida fácil. Moradora da favela do Canindé, tirava do lixo, sozinha, o sustento dos três filhos, frutos de três relacionamentos diferentes. Casar, ela não queria – um marido poderia tolher seu desejo de ler e escrever.

Enfim, escritora

Em 1958, tudo mudou. Audálio Dantas, jornalista da Folha da Noite, foi ao Canindé para fazer uma reportagem sobre as difíceis condições de quem morava lá e, por acaso, escolheu a casa de Carolina para visitar.

Audálio ficou encantado com a história da catadora de lixo que amava ler e escrever, e impressionadíssimo com todo o material que ela reunia em mais de vinte cadernos totalmente preenchidos. Começou a publicar trechos daqueles escritos no jornal. O sucesso foi tanto que os textos foram parar também na revista O Cruzeiro.

E então, em 1960, com edição de Audálio Dantas, foi publicado o livro autobiográfico “Quarto de despejo: diário de uma favelada”. O livro tornou-se um best-seller, com 3 milhões de exemplares vendidos e tradução para 16 idiomas. Carolina conquistou a admiração de estrelas da literatura, como Clarice Lispector. Foi homenageada pela Academia Paulista de Letras e pela Academia de Letras da Faculdade de Direito de São Paulo. Na Argentina, recebeu a Orden Caballero Del Tornillo.

Graças a “Quarto de despejo”, Carolina conseguiu sair da favela com os filhos. Ela continuou publicando livros, mas eles não tiveram uma recepção tão boa quanto o primeiro. Quando morreu, em 13 de fevereiro de 1977, tinha sido praticamente esquecida pelo mercado editorial.

Carolina teve várias de suas obras publicadas postumamente. Foi objeto de diversas biografias e tema de muitos trabalhos acadêmicos. Em 25 de fevereiro de 2021, recebeu o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 25 de fevereiro de 2021.

Carolina ousou sonhar para além do que se esperava de uma mulher, negra e favelada. Que seu exemplo continue fazendo brotar escritoras em qualquer ambiente, por mais inóspito que seja.

Sobre Quarto de despejo: diário de uma favelada

Com linguagem simples e sem preocupação com regras gramaticais, Quarto de despejo retrata a vida extremamente sofrida de Carolina e de seus filhos na favela do Canindé, e revela uma narradora de olhar afiado e crítico. A fome, a miséria e a discriminação por ser mulher, negra, mãe solo e pobre permeiam todas as páginas. É uma leitura difícil, mas transformadora.

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4 Comentário(s)

  • by Cleidinha postado 15/03/2021 17:27

    Ela e muito batalhadora por isso merece tudo de bom

    • by Turma do Plenarinho postado 15/03/2021 18:33

      Carolina Maria de Jesus foi uma mulher fantástica, não é mesmo, Cleidinha? Abraços da Turma!

  • by Alice postado 17/03/2021 10:35

    Sou estudiosa

    • by Turma do Plenarinho postado 17/03/2021 11:46

      Que ótimo, Alice! Nós da Turma também adoramos estudar! Abraços nossos!

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