Pessoas com Down lutam por seus direitos

Ilustração com fundo azul e mostra dois grupos de pessoa, um em cada lado da imagem. No centro, há o desenho de uma mulher de cabelos lisos castanhos, pele clara e óculos de grau de armação quadrada. Ela olha levemente para o lado direito da imagem, estende uma das mãos em juramento e usa uma camiseta amarela, que contém as palavras "nada sobre nós sem nós".

“Nada sobre nós sem nós”. Esse lema costuma ser usado por pessoas com deficiência, que cada vez mais ocupam espaços de debate e decisão. Um grande exemplo disso é Luana Rolim, de 26 anos. A fisioterapeuta gaúcha, do município de Santo Ângelo, foi a primeira pessoa com síndrome de Down a assumir o cargo de vereadora no País. Isso aconteceu no dia 15 de março de 2021, quando o titular da vaga se afastou por motivos médicos.

Foi um momento de muita emoção, especialmente porque esse era um sonho de infância. “Meu pai foi candidato a vereador por duas vezes e meus antepassados também eram políticos. Isso foi despertando em mim o gosto pela política”, conta. Ela concorreu ao cargo de vereadora pela primeira vez em 2020, conquistou 633 votos e ficou como primeira suplente.

“Pessoas com necessidades especiais podem e devem entrar e participar da política, tratar dos assuntos que dizem respeito a nós”, defende Luana. Sobre o lema citado no início da matéria, ela explica que “demonstra a determinação pela busca da plena participação e inclusão. As pessoas com deficiência se sentem protagonistas da própria história. Queremos levantar a bandeira de nossas reivindicações, lutar por nossos direitos e contra preconceitos”.

Protagonismo juvenil

Indo além, Luana Rolim reforça a importância da participação de jovens na política. “A juventude é uma grande parcela da população, tem um papel fundamental na sociedade. O jovem tem ideias novas, está disposto a aprender e buscar soluções para os problemas da juventude e do País. Sua participação na política é de suma importância para a formação cidadã, para contribuir na construção do coletivo e pensar políticas públicas voltadas aos jovens, como o primeiro emprego, qualificação profissional para o mercado de trabalho, etc”.

Nesse mesmo caminho de ocupar espaços, em 2016 um grupo de jovens se reuniu para discutir e aprender mais sobre direitos de pessoas com deficiência intelectual. O trabalho foi tão produtivo que dele surgiu o Grupo Nacional de Autodefensoria. Vinculado à Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, o coletivo ajuda pessoas com síndrome de Down a serem protagonistas de suas próprias histórias.

“Os objetivos do grupo são ampliar a aprendizagem sobre os nossos direitos, formar pessoas com deficiência intelectual para ter voz em todos os lugares em que discutirem nossos direitos, defender e exercer os direitos da comunidade à qual pertencemos, compartilhar experiências, sonhos e desafios e levar a sociedade a ver as pessoas com síndrome de Down como pessoas que têm direitos”, detalha a fotógrafa Jéssica Mendes de Figueiredo. Ela mora em Brasília e é coordenadora do Grupo.

Reuniões virtuais

Bem antes de as reuniões virtuais se tornarem comuns devido à pandemia, o Grupo já usava as tecnologias para se encontrar e discutir. Dessa forma, pessoas de vários lugares puderam se envolver com a iniciativa. Sofia Alves, por exemplo, participa de tudo morando em São Paulo e descreve a sensação de fazer parte do coletivo. “Eu me sinto empoderada, importante, com mais força para viver em sociedade”, diz.
Sofia reforça que o trabalho ajuda a aumentar a conscientização inclusive entre as pessoas sem deficiência. Aliás, envolver toda a sociedade é fundamental para eliminar as barreiras para a inclusão de pessoas com deficiência intelectual. Essas barreiras vão desde o preconceito e discriminação, até a falta de acesso à informação ou a tecnologias.

E é sempre bom lembrar que todo mundo se beneficia com políticas inclusivas, tornando a sociedade “mais justa, solidária e fraterna”, como destaca a advogada Ana Cláudia Mendes de Figueiredo, que é mãe da Jéssica e também Coordenadora Geral do coletivo. Conheça mais sobre a atuação do Grupo Nacional de Autodefensoria no perfil @autodefensoria_br no Instagram.

Síndrome de Down

A síndrome de Down não é uma doença, mas uma alteração genética. Com essa condição, a pessoa apresenta 47 cromossomos, ao invés de 46 (como a maior parte da população). Ela é a primeira causa conhecida de deficiência intelectual. Isso representa aproximadamente 25% de todos os casos de atraso intelectual, traço presente em todas as pessoas com a síndrome. Mas é importante destacar que elas têm muito mais coisas em comum do que diferenças em relação ao restante da população.

“As crianças, jovens e adultos com síndrome de Down podem ter algumas características semelhantes e estar sujeitos a uma maior incidência de doenças, mas apresentam personalidade e características diferentes e únicas”, explica o site da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down. Estima-se que, no Brasil, para cada 700 nascimentos, ocorra um caso de trissomia do cromossomo 21, como também é conhecida a síndrome de Down.

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