Amélia Hamburger

Quem ouve falar de Amélia Império Hamburger dificilmente a esquece. Até porque essa importante cientista brasileira tem tudo a ver com memória e com histórias que não devem se perder.

Amélia nasceu na capital paulistana em 12 de julho de 1932. Era filha de Helena e Domingos Império.

Pensando em ajudar o país no futuro, a jovem Amélia optou por estudar Física na Universidade de São Paulo. Eram tempos empolgantes! Entre seus colegas e professores, estavam os pioneiros da física brasileira – e, também, Ernst Hamburger, que viria a ser seu companheiro da vida inteira. 

Amélia se formou em 1954 e tornou-se pesquisadora na área de física nuclear. Dois anos mais tarde, seus estudos a levaram à Universidade de Pittsburgh/EUA, onde fez mestrado. 

De volta ao Brasil, em 1960, Amélia e Ernst foram contratados pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP). Quatro anos depois, Amélia tornou-se professora assistente. Curiosidade: nesse meio tempo, a cientista tornou-se mãe de quatro de seus cinco filhos! 

Em 1965, a família Hamburger voltou a Pittsburgh para que Amélia pudesse fazer pós-doutorado na Universidade Carnegie Mellon. Ué, não precisa ter feito doutorado para fazer pós-doutorado? Ela não precisou. Segundo explicou Ernst em entrevista à Revista Fapesp, “várias vozes sensatas da USP admitiram que Amélia era uma pesquisadora que, embora não tivesse completado o doutorado em física, tinha conhecimento e experiência suficientes para ser reconhecida como doutora”.

A preservação da memória 

Amélia foi professora da USP por mais de quatro décadas. Ao longo do tempo, suas áreas de interesse se expandiram: ela passou a pesquisar e lecionar História da Ciência, Ensino de Ciências e Filosofia da Ciência. 

Ela percebia como ninguém a importância de preservar e divulgar a memória das Ciências do Brasil como forma de valorizar nossos pesquisadores e seus trabalhos e de incentivar as futuras gerações.

Amélia foi responsável por organizar todo o arquivo do Instituto de Física (IF) da USP. Produziu diversos livros sobre História da Física e da Ciência em geral. Uma de suas obras, por sinal, recebeu um Prêmio Jabuti de Literatura em 2010, na área de Ciências Exatas, Tecnologia e Informática: foi o volume 1 da “Obra científica de Mário Schenberg (1936-1948)”. Você conhece o Mário? Ele foi professor e colega de Amélia e é considerado o maior físico teórico do Brasil.

Um dos projetos mais bonitos de Amélia teve motivação sentimental: com Renina Katz, ela organizou o livro Flávio Império, que trata da vida e da obra de seu talentoso irmão. Flávio era três anos mais novo que Amélia. Era arquiteto, cenógrafo e artista plástico, e morreu em 1985.

Amélia faleceu em São Paulo, em 1º de abril de 2011, aos 78 anos de idade. Deixou viúvo, cinco filhos, muitos netos e uma multidão de alunos saudosos.

Curiosidades

  • Além de física, Amélia também era poeta! O gosto pelas artes e pelas ciências humanas foi herdado pelos filhos: Esther é antropóloga; Sônia, produtora cultural; Vera, diretora de arte; Carlos, cineasta; e Fernando (Feco) é fotógrafo. 
  • Não ligou o nome à pessoa? Carlos é mais conhecido como Cao Hamburger, o cineasta que dirigiu séries como Castelo Rá-tim-bum e o filme “O Ano em que meus Pais Saíram de Férias”.
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