Lair Guerra, referência mundial na luta contra a Aids

Lair Guerra de Macedo Rodrigues nasceu e cresceu em Curimatá, no Piauí. Na pequena cidade, os recursos eram escassos e as oportunidades pareciam estar fora de alcance. Mas nada conteve a determinação de Lair, que superou inúmeros desafios e acabou se tornando uma das pessoas mais importantes do mundo na luta contra a Aids.

Formada em Ciências Biomédicas pela Universidade Federal de Pernambuco, fez seu mestrado e doutorado nos Estados Unidos no começo dos anos 1980. Enquanto isso, acompanhou as primeiras pesquisas sobre o vírus HIV feitas pelo Center for Disease Control (CDC), em Atlanta. Ao voltar pro Brasil, já doutora em microbiologia, tornou-se professora na Universidade de Brasília e foi convidada a iniciar o Programa Nacional de Controle e Combate à Aids do Ministério da Saúde em 1986.

É importante lembrar que, naquela época, não havia remédios, nem tratamento para a doença, que era cercada de bastante preconceito. Com muita coragem, Lair enfrentou todas as barreiras e liderou o Programa Nacional de Controle e Combate à Aids por 10 anos, fazendo com que o exemplo brasileiro virasse referência mundial. Não foi à toa que Lair Guerra foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz, em 2004.

A biomédica liderou campanhas de prevenção ao HIV e participou de ações contra a discriminação e em defesa dos direitos de pessoas com o vírus. Em agosto de 1996, a caminho de uma palestra em Recife, sofreu um grave acidente de trânsito, que lhe deixou sequelas pelo resto da vida.

Lair Guerra de Macedo Rodrigues morreu às vésperas de completar 81 anos, em março de 2024. Além da indicação ao Nobel, a pesquisadora recebeu diversas homenagens devido ao seu trabalho incansável e ao seu compromisso com a saúde pública. Essa “mulher rara”, nas palavras de seu irmão, influenciou gerações de profissionais de saúde e merece ter sua trajetória sempre lembrada, para que siga inspirando as novas gerações a lutarem para salvar vidas e semear esperança, como Lair fez durante toda a sua vida.