Drogas: inimigas da vida

Ilustração. O fundo mostra uma escola e, na frente dela, uma faixa de pedestres. Sobre a faixa, Xereda, Edu, Vital, Cida e Adão, todos com uniforme branco e vermelho da escola, olham com seriedade para Malício que lhes oferece um saco de doces. Malício está ajoelhado, veste calça azul, jaqueta vermelha e camiseta branca. É magro, cabelos espetados castanhos, bigode fino embaixo do nariz pontudo. Ele olha com expressão de malícia para Xereta, que recusa os doces com a mão estendida com a palma virada para Malício.

O uso de drogas é um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo, e não é uma novidade. É muito antiga a busca por substâncias que causam alterações de humor, sensações e percepções, assim como são antigas as conseqüências que o vício traz para a vida dos jovens e de toda a sociedade.

Os motivos do uso de drogas variam muito e pessoas têm diferentes necessidades, impulsos ou objetivos. No entanto, um ponto parece não se alterar muito de país para país: o fato dos jovens serem o grupo mais vulnerável às drogas.

A adolescência é uma fase de muitas mudanças físicas, mas também sociais. Mudam os papéis e as relações, o comportamento é afetados e cria-se um contexto de incertezas e descobertas. Além disso, muitas experiências da vida adulta passam a ser possíveis, sem que, no entanto, tenha-se maturidade para vivenciá-las.

E aí mora o perigo: na busca por amizades e o consolo para os dilemas desta etapa, o jovem muitas vezes decide experimentar algum tipo de droga sem saber exatamente aonde ela o levará. Isso é verdadeiro tanto para as drogas consideradas lícitas, como remédios, cigarro e o álcool, como para as ilícitas – proibidas por lei – , como maconha, crack, cocaína.

Consumo crescente

Uma triste notícia é que o consumo de drogas está começando cada vez mais cedo. Uma pesquisa feita pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), ouviu cerca de 50 mil estudantes de escolas públicas. Os dados mostraram que crianças de 10 anos de idade já começam a ter contato com as drogas. O álcool, na maioria das vezes, é a porta de entrada para o vício.

Apesar de a legislação brasileira permitir o uso de bebidas alcoólicas somente a partir dos 18 anos, 90% dos estudantes entrevistados afirmaram que elas são facilmente adquiridas.

Palavra de médico

Em entrevista ao Portal Aprendiz, o psiquiatra Jairo Bouer fala do cuidado que a família deve ter com os exemplos. “A criança está exposta a vários tipos de drogas desde pequena: cresce vendo o pai chegar em casa e beber uma dose para relaxar, a mãe que toma um remédio para emagrecer e a avó que toma calmante para dormir. Quando chega na adolescência, vai se perguntar o porquê de não usar também. É preciso ficar atento às atitudes dentro da própria casa”, advertiu.

E vale lembrar: quanto mais cedo o jovem tem contato com a droga, maior é o risco dele se tornar usuário frequente. “Hoje, eles têm contato com o álcool aos 11 anos, com cigarro aos 12 e com a maconha aos 13″, disse o médico.

Drogas na escola

Um dos ambientes onde acontece o primeiro contato com as drogas é a escola. Distantes da vigilância dos pais, as crianças e jovens se sentem mais à vontade para experimentar coisas novas. Tanto que muitos traficantes costumam ficar por perto de escolas só esperando uma chance para se aproximar. E, nessa hora, vale lembrar aquele precioso conselho de mãe: “Não converse com estranhos”.

O problema é que nem sempre são estranhos que oferecem drogas aos adolescentes. Às vezes, numa festa da “galera” da escola, surge aquele colega oferecendo um cigarrinho de maconha ou um lança-perfume. De acordo com especialistas, um dos motivos que também leva o jovem a experimentar drogas é a curiosidade. Outro motivo é simples: “se todo mundo está fazendo, eu quero fazer também”.

Drogas afetam a saúde

Muita gente acredita que o consumo esporádico de drogas não faz mal. Errado. Se não tiver sido prescrita por um médico, as drogas podem prejudicar de forma grave a saúde, perturbando os estudos e alterando o humor. E o pior: ninguém sabe com antecedência se vai ou não se tornar um viciado.

“De um lado, há uma série de pressões culturais e sociais para que o jovem beba. De outro, existe a curiosidade e a necessidade de experimentação inerentes à fase da adolescência. Essa combinação faz com que a maior parte dos jovens já tenha bebido antes de sair do ensino médio”, informa o psiquiatra Bouer.

E aí já dá até pra imaginar o resultado no desempenho escolar. Alunos que usam drogas faltam muito e tiram notas baixas. Além disso, o relacionamento com os amigos também pode ser prejudicado.

Depoimento: “tive que sofrer para perceber”

O publicitário Jorge Borges, que mora em Brasília, é um exemplo do que dizem as pesquisas. Quando tinha 34 anos, em entrevista ao Plenarinho, ele contou sobre sua luta para se livrar da dependência do tabaco. O vício começou na escola quando ele ainda era adolescente. Acompanhe a entrevista, vale a pena!

Plenarinho: Com quantos anos você experimentou cigarro pela primeira vez?
Jorge: Com 15 anos.

P: Como foi?
J: Eu estava na escola e meus colegas me ofereceram. Eu achava bonito e queria fazer parte da turma e acabei experimentando. Na primeira vez eu lembro que fiquei tonto e quase caí no chão. A partir daí, não parei mais de fumar.

P: E como você fazia para comprar cigarro, já que crianças e jovens são proibidos de comprar?
J: Eu usava o dinheiro do lanche. Infelizmente o vendedor não respeitava as leis e vendia pra gente, apesar de todo mundo ter menos de 18 anos. Meus pais logo descobriram e me proibiram de fumar, mas eu continuei fumando escondido. Foi muito ruim porque acabei brigando com eles.

P: Hoje em dia, o que você acha disso?
J: Hoje eu acho que fiz uma grande besteira. Além do dinheirão que já gastei com cigarro, tenho sérios problemas de saúde. E o cigarro ainda me abriu as portas para outras drogas.

P: Que conselho você dá para as crianças que vão ler esta entrevista?
J: Eu diria pra elas nunca experimentarem cigarro, nem nenhuma outra droga! Mesmo que seus colegas fumem e que pareça divertido, não caia nessa, pois o cigarro não traz absolutamente nada de bom. Se por acaso você estiver passando por problemas emocionais, como acontece com muitos adolescentes, converse com seus pais, pois são eles quem melhor pode ajudá-lo. Somente longe das drogas é possível ter uma vida saudável e feliz. Infelizmente eu tive que sofrer para perceber isso. Mas garanto que aprendi a lição.


 

Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura "plenarinho.leg.br - Câmara dos Deputados" e não seja para fins político-partidários

1 Comentário

  • by Rafaella Nere da Costa postado 15/06/2020 13:38

    Bom

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