Brasileiros são finalistas no Global Teacher Prize 2020

Três educadores brasileiros estão entre os 50 finalistas do Global Teacher Prize 2020, considerado o Prêmio Nobel da Educação. Organizado pela Varkey Foundation, em parceria com a Unesco, a iniciativa vai premiar um professor “excepcional que tenha feito uma excelente contribuição para sua profissão” com US$ 1 milhão. Doani Emanuela Bertan (SP), Francisco Celso Leitão Freitas (DF) e Lília Melo (PA) foram selecionados entre, aproximadamente, 12 mil inscritos de mais de 140 países.

Em junho, o Comitê do Prêmio selecionará dez dos 50 professores finalistas, que serão convidados para uma cerimônia em Londres, quando o grande vencedor será anunciado. O evento está marcado para 12 de outubro.

Não é a primeira vez que o Brasil chega entre os finalistas do Global Teacher Prize! Em 2019, quem brilhou na final foi a professora Débora Garófalo. O ganhador foi o queniano Peter Tabichi.

Conheça, abaixo, os brasileiros finalistas de 2020.

Doani Bertan

A inspiração de Doani Bertan para comandar uma sala de aula veio de sua mãe. Mas, a paixão pela Educação Especial, ela descobriu depois da graduação, quando teve contato com a Língua Brasileira de Sinais. Desde 2008, Doani ensina Libras para alunos ouvintes ou com deficiência auditiva do Ensino Fundamental na Escola Municipal Júlio de Mesquita Filho, em Campinas (SP).

Em busca de novas estratégias de ensino, Doani começou a promover videochamadas para responder dúvidas surgidas nas aulas. Esses tutoriais se transformaram em videoaulas bilíngues, levando o conhecimento para fora do ambiente escolar, além de permitir tempos e espaços flexíveis de aprendizagem, com inclusão das famílias, já que o material é adaptado para ouvintes.

A iniciativa também ajudou a superar dificuldades como a falta de materiais didáticos e limitações de uso de recursos impressos. Todas as aulas estão no canal Sala 8, no YouTube.

Francisco Freitas

Ele usa a musicalidade e a poesia do rap como ferramentas pedagógicas em prol de uma cultura de paz e valorização dos direitos humanos. Francisco Celso Leitão Freitas é professor de História, especialista em Educação Inclusiva e fundador do Projeto RAP (Ressocialização, Autonomia e Protagonismo), que atende cerca de 150 adolescentes internados na Unidade de Internação de Santa Maria (DF).

Seus alunos têm um forte histórico de evasão escolar, tornando ainda maior o desafio de despertar neles o desejo de aprender. Foi aí que entrou a arte. Fazendo um vínculo entre temas curriculares e a realidade retratada nas músicas, o professor estimula os jovens a produzir músicas, gravar vídeos e participar de festivais.

Francisco também acompanha quem sai do sistema socioeducativo, para que não retorne ao mesmo ciclo de violência que o privou da liberdade. O projeto já recebeu diversos prêmios, como o Itaú-Unicef, realizado pelo Itaú Social, em 2017, e o videoclipe “18 motivos pela não redução da maioridade penal” foi exibido no 52º Festival de Cinema de Brasília, em 2019. As produções do Projeto Rap DF estão disponíveis aqui.

Lília Melo

Desde a infância, Lília Melo queria contribuir para a redução das diferenças sociais. A educação apareceu como o caminho para isso! Lília ensina crianças em uma área carente e violenta da periferia de Belém (PA), na Escola Brigadeiro Fontanela.

Tudo começou em 2014, quando perdeu alguns alunos em uma chacina na região. Para apoiar seus estudantes, Lília Melo começou a oferecer oficinas de fim de semana sobre tambor, capoeira, dança, teatro e poesia, algumas na escola, outras nas ruas e praças, formando laços com a comunidade local. Foi assim que surgiu o projeto “Juventude negra periférica – do extermínio ao protagonismo”.

A iniciativa ganhou destaque na mídia e mobilizou outros setores da sociedade. Quando Lília divulgou que seus alunos não tinham recursos para assistir “Pantera Negra”, empresários da cidade se uniram para custear a ida de 400 estudantes ao cinema. A jornada rendeu um documentário feito pelos próprios jovens, “We by us”, que recebeu vários prêmios. Os recursos foram investidos na compra de equipamentos e uma nova produção foi feita por eles: “Perspectivas”.

Com a valorização da perspectiva dos alunos e o envolvimento da comunidade, a escola aumentou as taxas de matrícula, reduziu a evasão e os indicadores de aprendizagem melhoraram. Lília Melo venceu o Prêmio Professores do Brasil, do MEC, em 2018, e seu mais recente projeto, “Amor preto, minha cria”, agora busca incluir também as famílias em atividades de cultura, semelhantes às realizadas para os jovens.

Para conhecer todos os finalistas, clique aqui (site em inglês).

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