Conversando com crianças e jovens sobre igualdade de gênero

Ilustração de um pedaço do planeta Terra visto do espaço. Sobre ele, 6 crianças e uma coruja azul da Turma do Plenarinho sorriem e seguram cartazes que dizem "vamos mudar o mundo".

Pode reparar – quando chega o Dia da Mulher ou o Dia das Mães, há sempre alguém que se refere às homenageadas como super-heroínas, capazes de cuidar sozinhas da casa e dos filhos, trabalhar e ainda estar sempre bonitas, doces e amorosas. Mas já parou para pensar que, por trás desse cumprimento, há uma série de crenças e estereótipos tão enraizados que nem percebemos que eles não são verdadeiros ou benéficos?

Ser mulher no Brasil

As brasileiras recebem salários em média 27,75% menores pelas mesmas funções que os homens. É o que mostram os dados do último censo do IBGE, de 2010. E não é porque elas tenham menos estudo – o mesmo censo revela que, das pessoas entre 25 e 34 anos com ensino superior completo, 60% são mulheres.

O Brasil também é o país latinoamericano que mais mata mulheres pelo simples fato de serem mulheres, segundo pesquisa da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) – 40% das notificações de feminicídio da América Latina vêm do nosso país.

Com a pandemia, a situação se agravou. Desde março de 2020, três feminicídios têm sido notificados por dia. Isto, sem falar nas inúmeras violências que não resultam em morte.

Como melhorar números tão preocupantes? É preciso falar sobre igualdade de gênero – na sociedade, como um todo, mas especialmente com nossas meninas e meninos.

Como iniciar essa conversa?

Questione o que se fala sobre o papel de mulheres e homens

“Isso não são modos de menina”, “menino não chora”, “chutou a bola feito uma menininha”, “seja homem” – essas e outras frases fizeram parte da infância de muitos adultos e, infelizmente, ainda estão presentes no dia a dia de muitas meninas e meninos. Parecem formas inofensivas de chamar a atenção das crianças, mas alimentam estereótipos que podem se tornar crenças limitantes.

Preste atenção ao que as crianças – e os adultos ao seu redor! – dizem. Questione o que essas falas comunicam. Por que se espera um determinado comportamento de meninas e não de meninos? Por que meninos precisam reprimir seus sentimentos? O que há de errado em demonstrar sentimentos? Se meninas são ruins de bola, como explicar que a pessoa que mais ganhou o prêmio de melhor jogador de futebol do mundo é uma mulher, a brasileiríssima Marta? Que expectativas estão sobre os ombros dos meninos?

Estenda esse questionamento aos papéis esperados de cada um. Por que os cuidados com os filhos e a casa são exclusividade da mulher? Com exceção do parto e da amamentação, as demais responsabilidades podem e devem ser compartilhadas por mães e pais. Em relação à casa, se todos se envolverem nas tarefas, ninguém fica sobrecarregado! Além do mais, meninos que participam das atividades domésticas tornam-se adultos mais independentes e autônomos!

Destaque a participação feminina na História do país, nas ciências, nos esportes, na arte, na política

Durante séculos, a participação e protagonismo femininos foram limitados no âmbito social, religioso, político e científico. E, mesmo quando conseguia romper barreiras, a presença delas costumava ser omitida da narrativa histórica.

Felizmente, hoje há muitos livros que ressaltam o papel das mulheres ao longo da História. Um dos mais famosos é “Histórias de ninar para garotas rebeldes”, que já está em seu segundo volume. Mas há muitos outros títulos disponíveis! Inclusive, se quiser uma opção gratuita e online, dê uma olhada no nosso e-book Brasileiras Inspiradoras. Ele está incrível! Vale a pena ser lido por meninas e meninos!

Converse sobre violência de gênero a partir de notícias recentes

Esta é uma dica para quem lida com adolescentes ou crianças mais velhas. Quando elas tiverem acesso a notícias sobre violência contra a mulher ou sobre situações de discriminação, ajude-as a refletir sobre o assunto. Por que acontecem agressões assim? O que as motiva? O que fazer para essa realidade mudar? Aqui no Plenarinho temos uma cartilha e um vídeo muito legais que tratam desses assuntos tão sérios de forma simples e acessível.

De menino ou de menina?

É inacreditável que até hoje, em pleno séc. XXI, ainda se fale em cores de meninas e de meninos, brincadeiras de meninas e de meninos, gostos que só caibam a eles ou a elas.

As cores são para todas as pessoas, independentemente de gênero. Garotas podem gostar de jogos de ação e aventura; garotos podem curtir brincar de casinha ou cuidar de bonecos – afinal, é o que farão quando se tornarem pais, não é mesmo? Por que dinossauros e carrinhos são considerados masculinos? E bichos fofinhos, femininos?

Brinquedos e brincadeiras são fundamentais para o desenvolvimento infantil. Por meio deles, as crianças expressam a sua criatividade e descobrem como solucionar problemas. Experimentar brinquedos, brincadeiras e cores a que se convencionou classificar como “de menino” ou “de menina” não tem impacto nenhum na definição de gênero da criança. E ainda faz dela uma pessoa mais empática e respeitosa com as diferenças.

Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura "plenarinho.leg.br - Câmara dos Deputados" e não seja para fins político-partidários

Comente!

Seu endereço de email não vai ser publicado. Campos marcados com * são exigidos