Lúcio Costa

Entre os anos de 1956 e 1957, foi realizado um concurso para a escolha do projeto de urbanismo da nova capital do Brasil, aberto para arquitetos e engenheiros. Dentre as 62 equipes inscritas, 26 apresentaram propostas. O projeto escolhido foi um que apresentou um desenho simples, feito à mão, em formato de avião. E um relatório tão bem escrito, que quem o revisou precisou apenas alterar a grafia de algumas palavras que ainda estavam no português antigo. O revisor era nada mais nada menos que Carlos Drummond de Andrade, amigo e então colega de sala do vencedor do concurso do plano piloto de Brasília, o arquiteto e urbanista Lúcio Costa.

Lúcio Marçal Ferreira Ribeiro de Lima e Costa é filho de pais brasileiros, mas nasceu na França, na cidade de Toulon, em 27 de fevereiro de 1902. Passou a infância e a adolescência viajando por conta do trabalho do pai, estudou na Inglaterra e na Suíça, mas foi no Brasil que se formou em arquitetura pela Escola Nacional de Belas Artes (Enba) no Rio de Janeiro.

Embora seja considerado o precursor e responsável pela consolidação da arquitetura moderna no Brasil, nem sempre foi assim. No começo da carreira, seus projetos seguiam o estilo neocolonialista, que se baseava na arquitetura dos tempos do Brasil-colônia para evocar a identidade nacional. Mas, ainda na década de 1920, pelas obras de grandes nomes da arquitetura, como Le Corbusier e Gregori Ilych Warchavchik, conheceu a proposta modernista e se dedicou a ela.

Em 1930, foi convidado para dirigir a Enba, mas, durante sua curta gestão, tomou decisões que foram consideradas bastante controversas, desencadeando uma greve de professores, que durou 6 meses e provocou a sua exoneração no ano seguinte.

Ainda em 1931, o arquiteto organizou a 38ª Exposição Geral de Belas Artes, que ficou conhecida como Salão Revolucionário de 1931 pois, pela primeira vez, artistas modernistas participaram. A mostra contou com nomes como Manuel Bandeira, Anita Malfatti e Cândido Portinari na comissão organizadora e teve papel fundamental na consolidação do movimento modernista iniciado lá na Semana de Arte Moderna de 1922.

Anos mais tarde, foi convidado para elaborar a proposta da nova sede do Ministério da Educação e Saúde do Rio de Janeiro, hoje Palácio Capanema. Trabalhou no projeto em conjunto com vários arquitetos, entre eles, Oscar Niemeyer, que foi seu estagiário, e Le Corbusier, que, durante sua passagem pelo País, orientou as primeiras experiências de Costa como urbanista.

O legado de Lúcio

Lúcio Costa publicou muitos livros importantes para o ensino da arquitetura no Brasil e assinou várias obras importantes, como a da Casa do Brasil na Cidade Universitária em Paris, o conjunto de prédios de apartamentos no Parque Guinle, no Rio de Janeiro, a sede social do Jockey Clube e o Plano diretor da Barra da Tijuca, também no Rio e, claro, seu mais famoso projeto: o do plano piloto de Brasília. E por falar nele, segundo o próprio urbanista, os dois eixos que se cruzam em ângulo reto, não formam bem um avião, mas o sinal da cruz!

O arquiteto teve sua biografia publicada em 1995 e morreu em 13 de junho de 1998, na capital carioca.

Curiosidades

Lúcio assumiu em 1937 o cargo de diretor da Divisão de Estudos e Tombamentos, do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN, e lá trabalhou ao lado de Drummond de Andrade por 12 anos.

Em 1938, venceu o concurso para criar o Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova Iorque, mas achou que quem merecia mesmo ganhar era o segundo colocado, Oscar Niemeyer. O pavilhão acabou sendo projetado pelos dois e considerado, junto com o da Suécia, o melhor da Feira.

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