Como seus vizinhos no Maranhão, a província do Grão-Pará também não achou a menor graça no gesto de rebeldia de D. Pedro ao ignorar as ordens das cortes de Lisboa e ficar por aqui. E declarou apoio irrestrito a Portugal. Se pudessem, até se separariam desse Brasil Independente para continuar servindo à metrópole.
Mas, aos poucos, as relações com as cortes começaram a azedar. Já sem influência em boa parte das províncias brasileiras e com muito medo de perder as que restavam, Portugal passou a controlar o Grão-Pará com mão de ferro, escolhendo quem governava, proibindo o comércio com outras nações e aumentando os tributos. Por outro lado, D. Pedro prometia autonomia e liberdade às províncias que aderissem ao seu império. Do povo simples às elites, todos começavam a ver a Independência com crescente simpatia.
Os movimentos pedindo o fim do domínio português no Grão-Pará começaram no início de 1823. Mas a situação só veio a se resolver com a interferência do mercenário inglês Joe Grenfell. Orientado pelo almirante Cochrane, o capitão Grenfell ancorou seu navio em frente a Belém e mandou avisar ao governo português que a frota imperial brasileira estava pronta para atacar a cidade, aguardando apenas o seu comando – era melhor que se rendessem pacificamente. Era mentira, só o seu navio estava lá, mas quem se arriscaria a enfrentar a fúria de Cochrane?
E foi assim que o Grão-Pará aderiu à Independência em 15 de agosto de 1823.
Há um episódio especialmente dramático na história dos conflitos pró-independência no Pará. Em outubro de 1823, lideranças indígenas, negras e mestiças, vieram a Belém para homenagear D. Pedro, que completava um ano como imperador, e para exigir a troca do comando militar local.
Como o grupo estava exaltado demais, Grenfell decidiu prendê-los provisoriamente nos porões de uma embarcação: o Diligente São José, mais conhecido como Palhaço. Eram 260 homens – gente demais trancafiada em um lugar pequeno, sem ventilação, em um dia quentíssimo. O desfecho foi trágico. Quando o porão foi aberto, no dia 20 de outubro, 256 presos haviam morrido.
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2 Comentário(s)
isso é importante para uma formação de cidadões
Valeu, Bruno! Abraços da Turma!
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