A luta pela Independência no Piauí

A província do Piauí também foi palco de conflitos armados na luta pela consolidação da Independência – entre eles, a traumática Batalha do Jenipapo. Vem saber mais sobre essa história.

Desde fevereiro de 1822, as ideias independentistas vinham ganhando terreno no Nordeste do Brasil. As províncias da Bahia, de Pernambuco e do Ceará eram agitadas por movimentos populares de apoio a Dom Pedro. 

Já ao Norte, Grão-Pará e Maranhão permaneciam fiéis à metrópole portuguesa, ignorando qualquer ordem vinda do Rio de Janeiro. E, no meio dessa confusão, estava o Piauí. Terra de tradicionais pecuaristas, era fornecedora de charque, banha e couro para as províncias vizinhas. Mas, principalmente, era a última barreira que poderia impedir que a febre pró-independência ganhasse todo o território nacional.

Sabendo disso, as cortes de Lisboa mandaram ao Piauí um novo governador de armas, o major português João José da Cunha Fidié. Sua missão era clara: conter a onda revolucionária. 

Com pouco mais de dois meses em Oeiras, capital da província, Fidié topou com seu primeiro desafio: no dia 19 de outubro, a câmara de Parnaíba, no litoral piauiense, proclamou sua adesão à Independência. Ele não teve dúvidas: reuniu suas tropas e atravessou 660 km de sertão, num sol escaldante, durante dois meses, para acabar com a alegria dos apoiadores do imperador brasileiro.

Chegando lá, veio a decepção: os responsáveis pela proclamação já não estavam em Parnaíba, tinham se refugiado no Ceará. Pior: Oeiras também declarara seu apoio à Independência. Assim, em 1º de março de 1823, Fidié bateu em retirada com sua tropa, rumo à capital.

Mas em 13 de março de 1823, às margens do Rio Jenipapo, ele topou com as forças pró-Independência comandadas por Luís Rodrigues Chaves. À frente de um exército de voluntários mal armados e sem treinamento militar, o capitão brasileiro tentou conter os soldados de Fidié. Foi um massacre.

A Batalha do Jenipapo durou pouco mais de cinco horas e deixou centenas de mortos – quase todos do lado brasileiro. Apesar de ter vencido o combate, Fidié também saiu derrotado. Havia perdido todas as reservas de alimentos, água, armas e munições, roubadas pelos sertanejos durante a batalha. Sua tropa, exausta e faminta, não resistiria à viagem de volta a Oeiras.

Refugiaram-se então na cidade de Caxias, no Maranhão, e ali permaneceram por meses – boa parte deles, cercados pelas forças brasileiras, cada vez mais numerosas. Só se entregaram no final de julho, quando souberam da dissolução das cortes de Lisboa. Àquela altura, a luta por devolver o Brasil à condição de colônia tinha sido definitivamente perdida.

Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura "plenarinho.leg.br - Câmara dos Deputados" e não seja para fins político-partidários

Comente!

Seu endereço de email não vai ser publicado. Campos marcados com * são exigidos