Deputados Mirins homenageiam mulheres negras no Câmara Mirim 2023

Duas mulheres incríveis foram homenageadas no Câmara Mirim 2023. Estudantes de Santa Catarina e Petrolina (PE) escolheram Antonieta de Barros e Ana das Carrancas para batizarem suas bancadas. Você sabe quem foram essas mulheres?

Antonieta de Barros foi professora, escritora, jornalista e parlamentar. Tudo isso no começo do século passado, quando o espaço para a atuação feminina era quase inexistente. Ainda mais para uma mulher negra, como ela. Mas Antonieta rompeu barreiras. Foi uma das três primeiras mulheres eleitas no Brasil e teve a educação como sua principal bandeira. Tanto que foi de sua autoria o projeto de lei que formalizou 15 de outubro como Dia do Professor em seu estado, Santa Catarina. Anos mais tarde, a data passou a valer em todo o País (saiba mais sobre a vida e os feitos de Antonieta de Barros neste post).

“Nós pensamos que seria uma homenagem muito merecida a uma educadora, jornalista, escritora e deputada do nosso estado, que tem uma história muito bonita por ter sido a primeira deputada negra do Brasil e a primeira deputada da história de Santa Catarina. Muitos estudantes não a conheciam, mas gostaram muito da escolha e esperamos que eles espalhem a sua história”, justifica o professor Arthur Delmonego.

A Bancada Antonieta de Barros reuniu vereadores mirins das cidades catarinenses de Massaranduba, Guaramirim e Paulo Lopes. 

Inspiração vinda do rio

Ana das Carrancas é outra figura com uma história extraordinária. A pernambucana de Ouricuri, que completaria 100 anos em 2023 se estivesse viva, ficou conhecida por suas esculturas em barro inspiradas nas carrancas de madeira que acompanhavam as embarcações no rio São Francisco.

Filha de artesã, aos sete anos Ana Leopoldina dos Santos já sabia fazer e vender brinquedos, potes e panelas de barro. Casou-se, teve duas filhas (Ana Maria e Maria da Cruz) e logo ficou viúva, com apenas 22 anos. Pouco depois, Ana se casou com José Vicente de Barros, com quem passou por muitas dificuldades financeiras. Mudaram-se para Petrolina (PE) e foi lá que aquela mulher católica pediu ajuda divina para iluminar a sua vida. No dia seguinte a suas preces, observando o movimento dos barcos no Velho Chico*, sua atenção foi tomada pelas carrancas colocadas nas proas para espantar os maus espíritos. Ali mesmo, produziu sua primeira carranca de barro e não parou mais até seu falecimento. 

Seguindo a tradição de família, suas filhas aprenderam o ofício e, hoje, honram o legado da mãe com a produção de peças marcadas pelos olhos vazados, em homenagem a José Vicente, que era deficiente visual. Ana das Carrancas recebeu diversas condecorações: Cidadã Honorária de Petrolina, Patrimônio Vivo de Pernambuco e a Ordem do Mérito Cultural. E, agora, a homenagem por parte dos deputados e deputadas mirins da cidade que a adotou.

“Neste ano estamos comemorando o centenário de Ana das Carrancas. Os alunos fizeram várias oficinas e atividades relacionadas a ela e a seu trabalho. Por isso, resolvemos trazer o nome da artista para Brasília, para que outros estudantes conheçam sua história e seu trabalho feito com as próprias mãos”, explica a educadora Rafaela Barbosa.

* já ouviu falar no Velho Chico? É um apelido carinhoso dado ao Rio São Francisco, um dos cursos d’água mais importantes do Brasil.

 

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